terça-feira, 6 de julho de 2004

I want a famous face

Pelo segundo domingo consecutivo assisti ao programa da Emetivi (ou Emetevê) ‘I Want a Famous Face’. Produzido pela matriz nos EUA, o programa é uma espécie de documentário sobre pessoas anônimas que querem ficar iguais a seus ídolos. Digo iguais mesmo, rosto, corpo... tudo.

No primeiro episódio, dois adolescentes gêmeos com cara de songo-mongo queriam ter o rosto de Brad Pitt. Fizeram o diabo à quatro: colocaram dentes de porcelana, ajeitaram o nariz e deram um tapa no figurino, entre outras coisas. Queriam ter “um rosto viril” como o do astro. Mas o resultado não foi tão eficiente quanto à imaginação deles. A verdade é que não chegaram nem perto. Algum problema? Nenhum. Como desejam seguir a carreira de “modelo profissional”, o “rosto de Brad Pitt” abrirá para eles as portas mais facilmente. Morri de rir. Mas não é só isso. Um deles fez a cirurgia para também impressionar uma garotinha bonitinha da turma que estava a fim, mas que não dava a mínima pra ele. Também não conseguiu. “Brad Pitt é Brad Pitt”, disse a garota.
Quer ficar igual a mim, né?

Mas nada se comparou ao episódio do último domingo. Jéssica, de 23 anos, é uma garota que quer se parecer com Jenifer Lopes. Ela adora, ama, idolatra J-Lo e diz que as duas têm os mesmos gostos para roupas (estilo brejeira), que dançam igual, se maqueiam da mesma forma, usam o mesmo corte de cabelo, etc. “A única coisa que não temos igual é gosto para homens”, atesta Jéssica, que esqueceu de mencionar, entre as diferenças, que tem um pinto entre as pernas.

Sim, Jéssica é (era) homem. Mas isso não é problema. Ela já fez tratamento à laser (US$ 2 mil) para eliminar os pelos do rosto, tomou hormônio durante oito meses e agora quer colocar implantes de silicone nos seios, bumbum, bochechas e dimunuir o tamanho da testa. Como a cirurgia para tirar o órgão incômodo ficará pra depois, o médico a dissuadiu a não colocar o implante na bunda. O corpo sofrerá mudanças e o dinheiro seria jogado fora. “Adoraria que os caras olhassem para o meu traseiro”, relatou Jéssica. Total da brincadeira: US$ 15 mil ou cerca de R$ 45 mil.

A parte da cirurgia no programa é incômoda. Na verdade, horrível. E sempre há a possibilidade de não ficar do jeito que se quer. Mas a questão que me chamou mais a atenção é que essas pessoas não querem ser só parecidas com seus ídolos. Eles querem ser uma celebridade profissional. “Preciso ficar famosa”, disse Jéssica, que também começou a tirar fotos. “Você é linda”, falou o fotógrafo. “Sei disso”, respondeu Jéssica. Ah, tá. Então tá.

Bônus Track:
O Brasil só perde para os EUA em números de operações estéticas ou reparadoras. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a influência de personalidades públicas é o terceiro motivo que leva alguém a uma clínica. São comuns pessoas que desejam certas partes da anatomia de celebridades em seus próprios corpos. Entram na lista de ‘pedidos’ os seios de Gisele Bündchen, Syang e o ‘clássico turbinado’ de Pamela Anderson; o bumbum de Scheila Carvalho e o nariz de Xuxa.

Um dado que espanta os cirurgiões é o aumento de homens nos consultórios. Há dez anos, eles representavam cerca de 5% do total de clientes. Hoje, já são cerca de 30%. A faixa etária diminui cada vez mais, e eles também têm seus referenciais: o queixo e o nariz de Luciano Szafir e Reynaldo Gianecchini, o rosto de Marcello Antony e os hollywoodianos de sempre, Tom Cruise e Brad Pitt.

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