sábado, 31 de dezembro de 2005

Let´s celebrate!

Este texto é um dos tipo "depoimento". Quem não gosta, não siga! Well... vamos lá: Então, mais um último dia de ano. Quando chega esta data minhas emoções ficam completamente contraditórias. Basicamente desejo para os meus amigos virtuais e presenciais um 2006 cheio de triunfos, muita saúde, paz. E desejo também que sejamos, todos nós, felizes sem reservas. Acho engraçado desejar o "sem reservas", logo eu, O reservado. Aos inimigos declarados e ocultos só desejo uma coisa: que a terra seja bem leve. hehe! brincadeirinha! Na verdade, não desejo nada porque eu nem me lembro deles.

Pois bem... Eu não deveria ficar nostálgico nessa data, mas fico. Eu não deveria querer ficar isolado, mas quero. Eu não deveria querer que chovesse, mas acharia tudo. Ao mesmo tempo, sou o Mr. Farra: o mais animado, o que dá as dicas, o que fica bêbado de champanhe. Quem guenta? Aliás, sou um dos mais fervorosos apoiadores da popularização do champanhe, porque bebê-lo só em dia de festa é coisa de pobre. Se não fosse o engarrafamento na orla de EsseEsseÁ e na Estrada do Coco, eu estaria em todos os lugares. Por isso, em 2006 quero brincar de helicóptero.

O ano de 2005 foi especial. Além de ter conquistado 90% do que programei em 2004 (um recorde!), ele serviu de base para que eu realize o que eu mais desejo em 2006: mudar. Caso eu não desbunde no carnaval, tudo dará certo. Agora, uma coisa que já dá para observar em 2006: ele será um ano curto. Terá Carnaval, Copa do Mundo, Eleições e... acabou. Será um ano rapidinho, como uma trepada "rapidinha" do tipo elevador. hehe! Mas tomara que seja intenso e, reitero, sem reservas. Happy New Year, folks!!!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Férias!!!!

Próxima semana começam as minhas férias. Massa! Estou contando os dias. Quero sombra, água fresca e muita diversão. Esse ano foi barra pesadíssima. Não aguento mais trabalhar: minhas costas precisam de massagem e minha mente, de descanso. Aliás, tudo precisa de reparo. Meu cabelo, por exemplo: estou deixando crescer. Não sei o que vou fazer ou se dá para fazer alguma coisa diferente. Coisa mais difícil do mundo para mim é explicar o jeito que eu quero o meu cabelo. Uma frustração para uma pessoa que trabalha com comunicação como eu. Já flagrei alguns modelos na cidade, mas, quando os vejo, sempre estou sozinho e isso é o mesmo que nada. Enfim, se não der certo, raspo a cabeça.

Ano passado, convidei amigos e visitantes deste blog a pular de pára-quedas comigo. Só Luise foi corajosa e se dispôs. Mas, infelizmente, nenhum dos dois pagou (R$ 300) para ver. Este ano quero ficar na terra. Já fiz e refiz vários planos para aproveitar os 30 míseros dias longe do trabalho. Minha meta era fazer a escala Porto da Barra-Recife-Natal-Porto da Barra. Depois, Porto-Chapada-Porto e agora estou novamente pensando qual será a melhor opção. Afinal, projetos futuros impedem gastos muito elevados no presente. E, como todos nós sabemos, dezembro, janeiro e fevereiro são um golpe na conta corrente para quem mora em EsseEsseÁ. Tenho que aproveitar, inclusive, minhas recentes aquisições tecnológicas.

Ontem, começou a sexta edição Mercado Cultural, que traz para a Bahia o melhor da produção autoral e independente do Brasil e do exterior. Serão mais de 100 espetáculos e exposições de música, dança, teatro e artes visuais, feira de artes, conferências, workshops e lançamento de livros com a participação de 1.500 artistas de diversas partes do mundo. Não vai dar, óbvio, para ver tudo e todos e estar em todos os lugares. Mas, já é um bom start.

Na quinta-feira, acontece a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que (blá, blá, blá) dá início às famosas festas de largo de EsseEsseÁ. Blá, blá, blá. Os preços dos restaurantes, em função dos gringos (leia-se branco de cabelo louro) já começaram a ficar inviáveis para os nativos. Por isso, HP é o que há!

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Relexão # 14

Vi este texto revirando o arquivo morto. É do texto da semana. Da semana, hein? hehe! Ou não...

Da solidão

De companhia, a palavra, e com ela me atraco no meio da noite. Ela passeia pé ante pé e me impõe possessões. As soluções são ácidas. Eu rio estúpida. Dez horas de uma solidão uníssona. Os classificados anunciam encontros, desencontros, massagistas. Adolescentes defronte dos vídeos contemplam solitários, solitários enredos de amor. Nos restaurante, filés de solidão com coca-cola que estômagos ansiosos digerem. A esposa finge seu orgasmo ordeiro e espera que o marido durma para saborear a solidão. As crianças sonham mundos ideais inventados por pais infelizes. Os homens que desejam mulheres estão sós. As mulheres que desejam homens estão sós. Os homens que desejam homens estão sós. As mulheres que desejam mulheres estão sós. No palácio, o presidente desgoverna solitariamente um país de solitários. Cada ministério, uma solidão mal desempenhada. A palavra pensa soledade, irmã feminina de um ador toda fêmia. As camas amarrotadas, as mesas imensas, as salas repletas olham apiedadas para esse animal sem par numa terra que explode demograficamente.

De Aninha Franco, em Oficina Condensada (1992)

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Barrada no baile

E o cancelamento pelo Vaticano da participação de Daniela Mercury no Concerto de Natal que acontecerá no dia 3 de dezembro na Itália com a presença do Papa Bento XVI?

De acordo com o que a mídia tem veiculado, o veto se deu em função da cantora apoiar o uso da camisinha, explicitado em fevereiro deste ano, quando estrelou a campanha de prevenção à Aids do Ministério da Saúde para o Carnaval com o slogan "Vista-se! Use sempre camisinha.

A Igreja está certa. Daniela emitiu uma posição contrária ao que a instituição diz aos seus fiéis, cordeiros de Deus, como correto. Não há nada de absurdo. Os católicos já deveriam ter aprendido que eles não têm que questionar os dogmas da Igreja. Há alguns anos atrás, quem se atrevesse a fazer isso era, no mínimo, considerado herege, quando não queimado em praça pública. O Tribunal da Inquisição não foi criado por acaso. Repetindo: não se questiona instituição religiosa e seus representantes. Não tem religião que proibe a transfusão de sangue? Não tem fiéis de outra religião que não fazem nada no sábado? Então? Aceita-se seus princípios ou não. Senão Deus castiga. Ponto.

O atual Papa Bento XVI, quando cardeal, era presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, novo nome para o afamado Tribunal da Inquisição. Por essas e outras eu não me espanto que a Igreja começe a controlar e fiscalizar cada vez mais o que pensa e como agem seus fiéis. Na terça-feira, por exemplo, foi divulgada por uma agencia de notícias italiana uma instrução do Vaticano destinada a impedir que os gays possam se ordenar padres. Segundo o site, a Igreja rejeita homossexuais e defensores da "cultura gay" candidatos ao sacerdócio, a não ser que tenham abandonado as "tendências homossexuais" por ao menos três anos. Ou seja: quem apóia (os simpatizantes - hehe!) também entra no esquema.

Alem de levar padres e seminaristas gays a se esconder ainda mais, o que implicará mais danos pessoais e espirituais tanto para eles quanto para aqueles a quem servem, a ação demonstra a concepção terrivelmente estreita e ignorante pela Igreja da homossexualidade. Isso não me espanta. É a conceção dela.

Eu acho que a Igreja pode dizer o que quiser para os católicos. E fazer o que bem entender com eles. Pode, inclusive abençoar Ferraris (Ver post Hummmm... sei lá, entende?, de Junho 21, 2005). Agora, a minha preocupação e o que eu não concordo é quando ela ultrapassa seus limites religiosos e começa se meter em assuntos de Estado, que é constitucionalmente obrigado a atender democraticamente a todos, independente da religião que pratica. O Estado tem que criar políticas públicas, como é o caso dos contraceptivos, e informar a população. Em nota, Daniela reafirmou seu direito de discordar da Igreja no que diz respeito à camisinha como forma de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. “Para mim, o uso de camisinha é instrumento de proteção à vida!”, disse.

O Concerto de Natal vai celebrar a abertura do Ano Xaveriano, em honra a São Francisco Xavier. O convite a Daniela Mercury tinha sido feito há cinco meses. Ela seria a única latino-americana no evento que, pela primeira vez, receberia uma brasileira. Só lamento. Mas Coca-Cola é isso aí.

Bonus Track
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, 73% dos municípios baianos têm pelo menos um caso notificado de contaminação pelo vírus HIV, o que significa um acréscimo de 9% em relação ao ano passado. Ao todo, são 600 mil pessoas infectadas no Brasil, das quais pouco mais de oito mil foram registradas na Bahia de 1984 até 2005. A camisinha é hoje o único meio de prevenir a Aids e outras DSTs. E para a Igreja usar camisinha é pecado.

terça-feira, 22 de novembro de 2005

África-Brasil

Tendo como cenário o Farol da Barra, EsseEsseÁ sediou no último fim de semana o I Festival África-Brasil. Com a idéia de "celebrar a ponte cultural e estreitar os laços entre o Brasil e o continente africano", o evento teve a participação de músicos de diferentes países de África e de grupos e artistas nacionais... minto, baianos. Cada um fez apresentações que, se não me engano, duraram uns 30 minutos. Muito pouco.

Do lado brasileiro (ou baiano), tivemos o básico: Olodum, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Ilê Aiyê e Daniela Mercury, Male de Balé, Muzenza, etc. MV Bill e Preta Gil (?!) deram o caráter Brasil do festival. Do lado africano, artistas de países como Angola (Paulo Flores e Banda Maravilha), Senegal (Didier Awadi e Coumba Gawlo) e África do Sul (Thandiswa Mazwai). Devido a problemas de saúde, a cantora sul-africana Miriam Makeba cancelou a apresentação. Lokua Kanza não veio. Não sei o que aconteceu ainda.

A diva Cesária Évora e a senegalesa Coumba Gawlo


No entanto, a atração mais comentada e esperada foi a diva cabo-verdeana Cesária Évora, que se apresentou pela primeira vez na Bahia. Imediatamente, me lembrei de minha querida amiga de Cabo Verde, irmã de alma e coração, Margarida, que estudou comigo na faculdade. Muitas saudades de nossas conversas e peripércias.

Particularmente, achei que os shows não arrebataram o público, que, para mim, se mostrou disperso, a não ser quando os senegaleses entraram no palco. No sábado, com o rapper Didier Awadi e, no domingo, com a elegante cantora Coumba Gawlo (A Beyoncé do Senegal - hehe!). Acompanhada de dois dançarinos (Eles não dançavam. Voavam!), ela encantou os baianos com um show vibrante. Virei fã.

Fazendo o balanço, o evento, que se mostrou interessante pela proposta, merece ser melhor elaborado e executado. Afinal, hoje, mais do que nunca, o relacionamento entre as duas margens do Atlântico se intensifica cada vez mais. Ficou a impressão de que tudo foi feito às pressas, apesar do dinheiro da Petrobrás. Também é preciso definir se o evento vai se restingir aos artistas baianos ou se vai trazer nomes nacionais dentro da proposta Brasil-África. Eu fico me perguntando o que Preta Gil estava fazendo neste festival. Será que tem alguma relação como o fato do pai dela ser ministro da Cultura? Afinal, o Ministério, ao lado do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) foram os promotores do evento.

Enfim, esperemos pelo Mercado Cultural. A cidade fica interessantíssima, colorida, bela. Ferve.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Mudança

Definitivamente, não existe palavra mais recorrente na minha cabeça nos últimos dias do que MUDANÇA. Tá virando paranóia. Eu estou ficando paranóico, minha gente! Sinto que um ciclo está se fechando (aliás, espero!)e outro ainda não começou (hehe!), mas já está aí, batendo na porta: Pá, pá, pá! Resultado: já estou começando a ficar impaciente: "Quem é, caralho?" E a bater o pé no chão: "O que é, merda?" E a ficar entediado com tudo: "Ai, que saco!" E a respirar mais do que o permitido: "Inspira, expira...". Sim, Peraê: esse blog é um diário? É.

-É isso, minha gente!

Já disse que quero o tempo como meu aliado. Na medida do possível, consigo isso, mas "Ô, queridinho, dá pra dar uma apressadinha aí na parada!?". Como disse para uma amiga recentemente: "Estou num casulo, em transformação. De novo. Absorvendo tudo, do novo disco de Madonna a Dorian Gray, de Nina Simone a Bob Esponja. Meu balanço começou e minha necessidade de mudança urge. Aliado a isso, estou "à espera" da minha casa nova, de comida decente e de roupa lavada e passada por outrem." Enfim...

Para piorar a situação, meu CD novo da Madonna ainda não chegou. Comprei pelas Americanas e deveria chegar hoje. Já sabia que alguma coisa estava errado, mas resolvi reclamar no atendimento on-line. Eu estava muito chato hoje.
Tiago: Boa Tarde. Olá, Sr (a) daniel!, em que posso ajudar?
Daniel: (Fui muito mal educado. Não respondi a saudação) Meu pedido ainda não chegou! Vi o meu histórico e nenhuma mudança...
Tiago: Por gentileza, me informe o número do seu pedido.
Daniel: 2XXXXX
Tiago: Só um momento por favor para que eu possa verificar, tudo bem?
Daniel: ...
Daniel: Oi, Tiago! Are you live?
Tiago: Obrigado por aguardar Senhor Daniel, informo que de acordo com rastreamento do seu pedido em sistema o mesmo encontra-se parado em nosso setor de faturamento, por este motivo abrirei uma solicitação de ánalise e peço que aguarde contato de representante da Americanas.com.
Daniel: Parado? Como assim, parado? Por que está parado, Tiago?
Tiago: É exatamente para sabermos o motivo deste imprevisto que abrirei a solicitação. O senhor será contactado em até 48 horas (úteis) para que sejam prestados os devidos esclarecimentos, tudo bem?
Daniel: Não gostei. Vou ter que esperar até quarta-feira da próxima semana para que alguém me ligue. Ah, tenha dó. Tive um problema da última vez que comprei com vocês. Alguma coisa me disse que deveria ter comprado na Saraiva. Eu deveria ter seguido minha intuição. Esta foi mais uma chance (tentativa) que dei (fiz). Estou perdendo a confiança e paciência.
Tiago: Exatamente para que isso não ocorra que estou realizando os procedimentos cabíveis para lhe prestar informações, desde já peço desculpas pelo transtorno e solicito que aguarde o contato no qual mencionei. Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?
Daniel: Como você se atreve a fazer esta pergunta, Tiago?


Eu queria dizer outra coisa, naturalmente. Enfim... Pelo menos esse fim de semana será bastante movimentado aqui em EsseEsseÁ. Thanks, God!

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Já mais haja assim!

- Não re-aje, bichano!

Nessa época de iradas e profundas discussões a respeito do não-sim e do sim-não do referendo sobre o comércio de armas neste país - em que eu, particularmente, me sinto como um otário fazendo papel de palhaço -, vi um sigelo panfleto da PM em um restaurante de EsseEsseÁ informando os novos telefones que os policiais da comunidade ganharam da OI. Segundo o texto, trata-se de uma "parceria". Contato direto. Proteção total. Compartilho com vocês um trecho que, desde já, considero um clássico. Se trata de uma das dicas para não se dar mal em um assalto:

"(...) Aguarde a chegada do policiamento. Não se exponha a riscos desnecessários. Já mais haja sozinho, muito menos re-aja."

Dá vontade de rir de tudo isso. Esse país é muito cômico. Muito sério. Muito justo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Xiiiii... Sujou!

“Não há dúvida de que hoje o diabo está se intrometendo mais na vida do homem”. Foi o que disse o padre Paolo Scarafoni na aula inaugural do curso de exorcismo e orientação da libertação iniciado hoje na Universidade Pontifícia Regina Apostolorum, localizada em Roma.

Reservado aos padres e seminaristas estudantes de teologia, o curso, que está sendo oferecido pelo segundo ano consecutivo pelos Legionários de Cristo (uma ordem religiosa conservadora), atraiu cerca de 120 religiosos de todas as idades do mundo inteiro. Eles aprenderão a reagir caso... assim... sem querer, querendo topem com uma pessoa possuída por um demônio. Sim, ele está (ou continua) entre nós! E a Igreja, como sempre, está preocupadíssima com o cada vez maior poder de sedução dele, nesse mundo cheio de tentações e liberdades mal administradas.

Mas aí você se pegunta: como identificar uma pessoa possuída pelo demônio? O exorcista Gabriele Nanni dá algumas dicas básicas de como diferenciar a possessão demoníaca de problemas psicológicos:
1. Quando alguém fala ou entende línguas que normalmente não conhece;
2. Quando sua força física é desproporcional ao tamanho do seu corpo ou à idade;
3. Quando se torna repentinamente conhecedor de práticas ocultas (Adorei o repentinamente);
4. Quando tem uma aversão física a coisas sagradas, como a hóstia ou as orações. (Ou seja: nada de fazer cara feia ao comer a hóstia, hein?)

Um dos seminários do curso, por exemplo, será reservado não só à demonologia e ao ocultismo, mas também à figura do diabo nas culturas antigas e modernas, incluindo o cinema (o que não vai faltar é imagem dele!), a música (Alguém falou em rock? ) e a internet. Achei o programa super dinâmico e contemporâneo, uma vez que o exorcismo, ação em que padres católicos "expulsam" demônios ou espíritos malignos do corpo de alguém, é um dos episódios mais obscuros da história da Igreja.

Não por acaso, o tema sempre mexeu com o imaginário das pessoas. A relação que eu faço, porém, é que o exorcismo foi e ainda é um excepcional instrumento de coerção e um remédio para os males da vida cotidiana: "Não concorda comigo? Tá com o demônio no corpo!", "É rebelde? Tá endemoniado!", "Não vai fazer o que mando nem seguir as leis sagradas? Deve estar possuído!", "Segue outra religião? O demônio está orientando" e por aí vai... Hoje, é atração de programa de TV. Dá ibope e é puro entertainment, com direito a imagem desfocada e voz distorcida.

Bonus Track
Pegando o gancho, sessão cultura sobre exorcismo e demônio.

O Exorcista (1973) - Óbvio. Clássico. Sem comentários. Peguei medo.

Coração Satânico - De Alan Parker, com Robert de Niro que interpreta Louis Cifer. Também peguei medo.

Do amor e outros Demônios, de Gabriel Garcia Marques - Foi lançado em 1994 no Brasil. Nele, uma jovem marquesa supostamente possuída por demônios envolve-se com o padre espanhol encarregado de exorcizá-la. É poderoso o livro. O padre fica doido pela menina que tem, se não me engano, uns 13 anos. Adoro Gabriel!

Divina Comédia (Muitos anos atrás) - De Dante. Clássico do clássico. Ainda estou lendo. Já saí do inferno, estou no purgatório. Espero chegar ao paraíso ainda este ano. Não preciso dizer que pirei com os castigos descritos pelo poeta. Os hipócritas, por exemplo, aparecem no inferno vestidos com uma roupa de ouro brilhante, visualmente atraente por fora, porém pesada como chumbo. Eles são condenados a andar eternamente com a roupa e sofrem e choram, cansados pelo peso intenso. O castigo é o peso que não sentiram na consciência ao pregarem uma coisa e fazerem outra. No inferno, sentem finalmente pelo seu falso brilho.

Rede Record - Madrugada.

etc. Enfim, o que não faltam são referências ao tema, não é mesmo? Alguma sugestão?

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Jornalismo de fachada

Danielicius acredita que a atitude que melhor serve aos interesses de seus leitores e do país é incentivar a rejeição a revista Veja. Nas linhas seguintes, Danielicius alinha razões pelas quais julga correto meter o pau sempre que possível neste panfleto semanal.

A Veja, revista semanal de maior circulação no país criada em 1968 pela editora Abril, é escandalosamente panfletária. Chega a dar nos nervos tamanha prepotência. Na última edição, que traz como capa o referendo de 23 de outubro, a revista chutou o balde dos meios-termos e decidiu fulanizar de vez o debate a respeito do desarmamento. Fez de sua capa um cartaz, e varreu para debaixo do tapete qualquer traço de vergonha na cara ou pudor que porventura viesse a existir naquela redação. O título da matéria (“Referendo da fumaça: 7 razões para votar “não” na consulta que pretende desarmar a população e fortalecer o contrabando de armas e o arsenal dos bandidos”) é uma pérola, mas o mais impressionante está no lead: “Veja acredita que a atitude que melhor serve aos interesses dos seus leitores e do país é incentivar a rejeição da proposta de proibição”. Veja a matéria aqui.

Aí, você se pergunta: onde Veja aprendeu a argumentar? Assistindo ao Superpop da Luciana Gimenez? Entre os ‘sensacionais’ argumentos para defender tal tese, o panfleto semanal da editora Abril diz que ‘Antonio Gramsci, fundador do Partido Comunista Italiano, listou o desarmamento da população entre as providências essenciais para garantir o controle totalitário’ e que ‘Hitler desarmou os alemães e os povos dos países ocupados, mas distribuiu armas entre milícias fiéis ao regime’. Ainda: ‘Nas zonas rurais brasileiras, longe dos postos policiais, [as armas] servem para sitiantes e fazendeiros defenderem suas propriedades de assaltos, invasões do MST e dos ataques de animais predatórios a seus rebanhos e criações. É por isso, com certeza, que os sem-terra apóiam o desarmamento’.

Evidente que não vale a pena polemizar com argumentos de impressionante nível. Além de ter perdido a compostura, ela passa por cima dos mais básicos elementos da atividade. Como diz o jornalista Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, “ao invés de ensaiar uma progressiva troca de idéias capaz de suscitar o contraditório e algum esclarecimento antes de se acionar a urna, a revista berra para o leitor – ‘Cala boca, você não sabe nada’”.

Este é só um dos exemplos da história da mais importante e influente revista brasileira. Virou prática corriqueira a revista criar factóides que não se apóiam na realidade e praticar um jornalismo persecutório e irresponsável. Nem mesmo ouvir os dois lados ela ouve. Há algum tempo a revista vem se esmerando em publicar pseudo-reportagens que desancam personalidades públicas, movimentos sociais e partidos políticos que tenham qualquer viés progressista e de esquerda. Não que os outros órgãos sejam inocentes. Não são. Mas tudo tem limites! Abaixo, dois exemplos que não me deixam mentir...

Não, ainda não acabei!
Também na primorosa edição, a Veja, na matéria "O mensalinho da filha de Elis", acusa a Warner de se valer do chamado jabá para divulgar o novo CD de Maria Rita, Segundo. Trinta profissionais de imprensa receberam um mini-iPod junto com um DVD e o CD da cantora. A revista afirma que a intenção era, “obviamente, conquistar a simpatia dos jornalistas” e que “a maioria escreveu resenhas e perfis chapa-branca – cuja tônica, curiosamente, é que a moça estaria se emancipando da influência materna”. A Veja diz que “Istoé publicou que Maria Rita ‘está cantando esplendidamente’. Sua derivada, a Istoé Gente, lhe dedicou uma capa. No caso do jornalista da Época, a Warner matou dois coelhos de uma cajadada: ele escreveu uma matéria simpática na revista e outra mais elogiosa ainda na Bravo! (...)”. Ainda segundo o texto, poucos veículos devolveram o iPod: a Folha de S. Paulo e O Globo. Para ver a denúncia, clique aqui.

A reação foi imediata. Em artigo publicado no Observatório da Imprensa, Luís Antônio Giron, da Época e colaborador da Bravo!, rebateu as acusações de Veja e criticou o fato da equipe da revista não ter escutado nenhum dos colegas que, apesar de não serem mencionados diretamente, estavam no centro da discussão. Ele, que diz ter devolvido o iPod, afirma que Sérgio Martins, repórter de Veja, lhe disse que a matéria foi encomendada. Veja a resposta de Giron aqui. "Eu tentei me defender no escuro, pois não me foi dado o direito de ler a reportagem. E a Veja não ouviu o outro lado, não me procurou para saber a verdade. Além de ferir uma regra do jornalismo, os jornalistas que não tiveram coragem de assinar o nome: cometeram uma atrocidade, caluniaram um colega, sob pretexto de denunciar um jabá que não existiu", diz o jornalista da Época.

Só mais uma!!!
Alguem sabe quem é Diogo Mainardi, o astro de Veja? Aquele que tem blog de fãs e comunidade no orkut? Pois é... Em sua última coluna, ele conta sua viagem a Brasília e narra a cobertura da eleição da presidência da Câmara e, ao fim, registra: ‘Aldo Rebelo acaba de ser eleito. Os mensalistas atiram-no para o alto. Todos os deputados com quem falei hoje - foram mais de trinta - o consideram um perfeito idiota. Por isso estão tão felizes. Por isso não o deixam se espatifar no chão’.

Pois bem, o jornalista Renato Rovai também estava lá em Brasília e acompanhou o astro de Veja. Olhem que pérola: "Ele não só não ouviu isso de trinta deputados, vou além, nem falou com quinze enquanto por lá esteve. Vi esse Mainardi como um ratinho, encostado no fundo do plenário, por horas, falando baixinho e olhando pro chão. Parecia ter medo que alguém lhe fosse cobrar honestidade ou coisa do gênero. Algo ridículo. Deu umas zanzadas pelo salão verde e voltou para o seu esconderijo. Depois dessa sensacional ‘missão jornalística’, foi para o seu laptop e ‘corajosamente’ escreveu aquilo que o chefe adoraria ler. E ofendeu a quem o chefe gostaria de ofender. Sem ter compromisso com o real, só com sua corajosa missão de agradar a quem lhe garante a coluna.”, diz. Adoro isso!!

Para quem tiver tempo neste fim de semana, pode dar uma passada na comunidade do orkut: Leu na Veja? Azar o seu!

terça-feira, 4 de outubro de 2005

Mártir

Ou: Intenção de suicídio vale?

O drama do frei Luís Flávio Cappio, que se recusa a comer desde o dia 26 de setembro por causa do projeto do governo federal de transpor parte das águas do Rio São Francisco, está não só contagiando como mobilizando a cada dia que passa mais pessoas aqui no Nordeste. Não só caravanas de gente “simples” de estados como Bahia, Sergipe e Alagoas estão se dirigindo à Capela de São Sebastião, em Cabrobó (PE), como também políticos, religiosos e muitos, muitos oportunistas.

Na época do “farinha pouca, meu pirão primeiro”, ver uma pessoa demonstrar essa disposição em defender - com a própria vida se for o caso - algo em que acredita é excepcional. Afinal, por que causa eu daria minha vida hoje, agora? Não digo um projeto individual, porque para isso eu já dou o meu sangue e o meu suor diariamente, obrigado. Digo causa mais ampla, social. Hummm.... Bem, eu posso simplesmente dizer (e de forma bastante sincera!): “Eu já faço a minha parte” como aquele bendito beija-flor que teima em apagar sozinho o eterno incêndio daquela maldita floresta. É uma saída, não?

Mas existem situações em que é preciso o fervor da paixão, as batidas do coração de um beija-flor, o brilho dos olhos da loucura, a coragem da exceção. Não sou do tipo de pessoa que sai pelas ruas gritando palavras de ordem nem tenho talento para ser mártir (e, depois de minha morte, virar estampa de camiseta ou souvenir como Che Guevara). Não, não. Dou o maior apoio, claro, assim como para aqueles que querem “lutar” pela paz, pelos animais, pelos pobres da América Latina, pelos países da África, pela Mata Atlântica, pelo desarmamento, pelo boto cor-de-rosa, contra ACM, etc, etc, etc. O que não faltam são causas. Evidente que muitas se esvaziam quando absorvidas pela lógica do consumo. Mas isso eu falo depois.

Paisagem do São Francisco em Minas e Alagoas

Todos nós temos nossos anseios, nossos projetos (ou não, não é verdade? hehe! Afinal, a vida é uma incognita, qual é a sua missão? Existe missão? Ó vida, ó céus!! hehe! Brincadeira, estou sacaneando!) Agora, se for parar para pensar bem, acredito que o que sempre me motivou foi a questão da liberdade de expressão e o respeito ao outro. Como se diz aqui na Bahia "eu dou pra ruim", "rodo a baiana", "dou pitti" quando vejo algo indo contra essas minhas convicções. Enfim...

O drama do frei me comove porque se não fosse por esse ato, o projeto do governo de bombear parte da água do rio São Francisco para beneficiar moradores do semi-árido dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, passaria em nuvens eurodescendentes para mim. A obra vai custar R$ 4,5 bilhões. É muita grana, caralho! Os principais críticos dizem que esse projeto não vai resolver o problema histórico da seca do Nordeste e que o que o rio precisa mesmo é ser revitalizado. Vamos ficar atentos! Agora, acho esquisito a Igreja Católica apoiar uma intenção de suicídio.

Bonus Track:
Quase, de Luis Fernando Veríssimo

"(...)É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.(...)Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. (...) Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.(...)

Sim, eu voltei.

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Vergonha!!!

Calma, pessoal. Estou reunindo forças para estar voltando a escrever no blog. Este, inclusive, é um momento especial e oportuno para estar agradecendo a presença de vocês por aqui. Estarei entrando em contato com todos nos próximos dias. Beijo no coração!

Só mais um pouquinho de paciência, tá?

PS.: Por falar nisso, não aguento mais ver Fernanda Karina Somaggio aqui. Já é passado remoto. Descrédito puro.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Tudo pela política

Já que a Playboy desmentiu a notícia de que teria feito uma proposta de R$ 2 milhões para que a ex-secretária de Marcos Valério, Fernanda Karina Somaggio, posasse pelada na publicação, a Revista da Folha foi lá e fez um ensaio fotográfico no último domingo com a tal. "Playboy, não preciso de Photoshop!", disse para quem quisesse ouvir. Pois, é... Vejam, então, o piteu que a revista masculina perdeu:

"Oiiiii, Brasil!!!", "Vejam que fofura minha sandalhinha", "Buuuu!"

Karina jura de pé junto que recebeu sim a proposta da revista. Ela disse que faria o ensaio porque precisa de dinheiropara poder se candidatar a deputada federal em 2006. "É melhor eu bancar minha candidatura ganhando uma grana [da revista] do que ser bancada por gente que vai querer algo em troca. Quero entrar lá [no Congresso] limpa", disse a secretária em entrevista a FSP. "O fato de posar para a revista é pela política. É tudo pela política. Não tenho tino artístico, mas preciso de dinheiro para minha campanha eleitoral", justifica.

Hu-rum... sei... É tudo muito engraçado, não? Parece o Zorra Total da Globo, cheio de piadas espirituosas. Aliás, Karina é uma personagem muito fofa. Ela me parece aquele tipo de pessoa que não era ambiciosa, mas se tornou (o meio faz o homem), e agora quer se dar bem na vida a qualquer custo e o resto que se foda. "Fodam-se", deve dizer agora a torto e à direita. "Quero ir para Miami, caralho!". É isso mesmo Karina, todos precisam de dinheiro. Todos, inclusive o PT. Você deve ter acompanhado tudo de perto e sentiu na pele o cheiro do dinheiro e do poder e percebeu, acima de tudo, que ser honesto neste país é pagar um preço muito alto (IR, INSS, ISS, ICMS, etc.), além das forças de qualquer ser humano. É melhor ser político. E, sinceramente, não duvido nada que você consiga penetrar neste Congresso! Mais fotos aqui.

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Patriotada?

Pára tudo. Alguém pode me dizer o que é isso que está acontecendo? Não, eu não estou falando da novela Mensalão! Na verdade, estou é impressionado com o “evento” que se tornou a morte do mineiro Jean Charles, um cara que foi embora do Brasil em busca de uma vida mais digna, como muitos outros milhares de brasileiros (eu daqui a pouco), e foi morto por um vacilo da polícia britânica, uma das mais respeitadas do mundo, em um momento de exceção naquele país.


Poderia ter sido qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade. Infelizmente, foi um brasileiro. Mas foi o bastante para que o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, fosse a Londres exigir (!?) explicações do governo britânico a respeito da operação. Foi o bastante para que a Prefeitura de Gonzaga (MG) decretasse feriado na cidade nesta sexta-feira, no dia do enterro do rapaz. Foi o bastante para que o povinho coitado, indignado, fosse para as ruas chorar a morte de um brasileiro por gente que provavelmente odeia brasileiros. O episódio foi uma verdadeira afronta da Grã-Bretanha ao Brasil, vejam só! Valha-me Deus! Hipocrisia. Essa gente não me comove.

É lamentável a tragédia que aconteceu com o mineiro. É justa a revolta de seus amigos. É compreensível que se fale em indenização e que se cobre uma resposta inequívoca da polícia britânica. Igualmente me solidarizo, por mais inútil que seja, com a família da vítima. Mas é engraçado como, por exemplo, morte no Rio ou qualquer outra cidade brasileira por bala perdida ou na troca de tiro entre traficantes já não escandalize mais ninguém.


Ontem mesmo saiu a notícia de que uma bala perdida atingiu o corpo de uma pessoa morta que estava sendo velada em um cemitério do Rio. Com medo de serem baleadas, as pessoas que estavam próximas se jogaram ao chão e ficaram deitadas por cerca de dez minutos. Estava acontecendo um tiroteio entre policiais e traficantes no morro de São Carlos. Obviamente, a família do morto não precisou chamar a polícia. Coisas de nosso cotidiano. Mas, fica a pergunta: que tal o governo brasileiro indenizar as milhares de vítimas anônimas que, todos os dias, ou são assassinadas pelas polícias brasileiras, sem nenhum controle, ou são mortas nos confrontos diários das gangues do narcotráfico. E também as famílias dos grupos de extermínio de EsseEsseÁ?

Jean é um entre milhares de brasileiros que deixaram este país em busca de oportunidade. Quem não tem algum amigo ou conhecido que já se aventurou nesta empreitada? Brasileiros que estão na Inglaterra ou no estrangeiro com ou sem visto (legais ou não) só estão fora de seu país porque, vivos, são mais bem tratados pelo governo de lá (e suas políticas públicas) do que pelo governo daqui. Mesmo agora, morto, Jean Charles e seus familiares estão merecendo das autoridades daquele país um tratamento que os nossos cadáveres e seus parentes jamais tiveram.

Atualização 29/05, às 09h

Ontem, conversando com um amigo sobre o episódio Jean Charles, ele me disse que minhas colocações são típidas de faconianos, individualistas, pragmáticas, intelectualóides. Que eu não tinha noção de antropologia nem de relativismo para perceber que essas manifestações são uma espécie de catarse, um ritual necessário ao ser humano para que este se sinta parte de uma comunidade, um ato simbólico. Que polícia nenhuma deve ser respeitada porque polícia é polícia em qualquer lugar. Contra argumentei dizendo que isso é um espetáculo, tão comovente quanto a vitória de Jean, o Willys, no Big Brother, quando milhares de pessoas de Alagoinhas foram festejá-lo em praça pública como a um herói. Ele disse que o meu discurso não era humanista, que eu não me colocava na pele da mãe dele. Como não? Eu fico sempre pensando "e se fosse um amigo, parente meu?". O Jornal da Globo de ontem, que iniciou vendendo TV´s de plasma, exibiu uma matéria comovente onde uma repórter entrevistava mães de outras cidades que foram até Gonzaga para chorar o morto. Por quê? Porque tinham filhos no exterior e temiam pela vida deles. Uma disse "eu tenho dois filhos nos Estados Unidos e na Carolina do Norte (!?)", outra "eu tenho um marido e um filho nos Estados Unidos", outra "eu tenho um filho e um neto nos EUA"... assim mesmo, em filinha. A repórter foi passando de uma em uma. Deu a entender que os parentes delas correm perigo de vida, que a qualquer instante a polícia atiraria a queima roupa neles. Essa catarse do meu amigo, agora digo eu, faz com que elas se esqueçam que vivem num país violento que, se você não morre atropelado, morre de bala perdida ou na fila de algum hospital público ou na maca de algum hospital particular caso o plano não pague o tratamento. Enfim, tudo muito humano.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Filho de peixe...

- Ai, pera... PERAÊ! Deixa eu tomar um golinho antes de ler. Sabe como é, né? É pra encarar!

Os últimos episódios da novela “Mensalão” - que, aqui entre nós, está fazendo o maior sucesso no Brasil pela trama envolvente, cheia de surpresas - vem revelando atores até então desconhecidos do grande público nacional, sem dúvida apaixonado pelo gênero. A novela tem conseguido não só prender a atenção, mas também aproximar gente do Oiapoque ao Chuí, da Avenida Paulista, em EssePê, à Sete de Setembro, em EsseEsseÁ. Inclusive, tem corrido a boca miúda que Gilberto Braga, autor de Vale Tudo, pensou um dia desses cortar os pulsos, tamanho o monstro de olhos verdes que invadiu seu corpo.

É a nova safra da política nacional. São personagens talentosos que fazem inveja aos principiantes de Malhação da Rede Globo. Tão jovens e já tão, tão, tão... não sei nem como dizer... convincentes quanto qualquer ancião ou cabeça-branca na dura arte de fazer política. Ainda mais se partirmos do princípio que políticos costumam agir de uma maneira no palco e de outra nos bastidores. A questão é que os velhos coronéis já não são mais aqueles.

"Esse lado aqui tá bom?", pergunta Rodriguinho Travesso
"Ai, ter que suportar esse mala é uó. Pelo amor de meu avó!", pensa Leite Ninho

Quem tem acompanhado a novela "Mensalão", já deve os ter visto. Estão lá: Na Folha de São Paulo, no Globo, na Veja, na Isto É, na TV Globo... Para onde quer que os fotógrafos ou cinegrafistas apontem suas câmeras, lá estão eles: gritando, denunciando, apontando o dedo, separando briga de Heloísa Helena... estão sempre na primeira fila da sala de aula ou passsando de um lado para o outro quando as TV´s estão ao vivo (brincadeirinha!!!) Já advinhou quem são? Rodriguinho Travesso Maia (PFL-RJ), filho do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia; e ACM Leite Ninho, neto de ACM, ex-painho da Bahia. As atuações são de tirar o fôlego.

Na semana passada, Rodriguinho, líder do PFL na Câmara, ganhou destaque no Jornal Nacional, ao divulgar uma lista com nomes de parentes, assessores e deputados do PT que estiveram no Brasília Shopping no mesmo dia em que foram registrados saques de pelo menos 100 mil reais nas contas das empresas do publicitário Marcos Valério. William Bonner passou sete minutos falando. Foi tiro para tudo quanto é lado. Eu não entendi nada. No dia seguinte, a lista se mostrou uma furada. E o JN fez o ar blasé costumeiro, aquele de quem diz que o problema não é dele. Ficou feio, muito feio.

- hehe! Quando é a hora do recreio, hein?

E o ACM Leite Ninho? Aos 24 anos foi o deputado federal mais votado na história da Bahia. Desde os 11 anos acompanhava o avó e o titio, o falecido Luís Eduardo Magalhães (fantasma que dá nome a oito de cada dez ruas de EsseEssÁ, nome a um município e ao aeroporto internacional, o ALEM)... enfim, acompanhava o avó e o titio a campanhas pelos grotões deste estado. Vendo-o pela televisão, cheio de pastas e incisivo, não há como não lembrar de ACM. E de ter medo de que ele, com a competência que lhe cabe e que nós não podemos negar, comande aquele chiqueiro chamado Congresso com tanto porco semi-analfabeto deslumbrado reunido.

Os outros são os outros e só

O que nós estamos vendo é que, apesar da seriedade da situação, os parlamentares se deixam fascinar pelos holofotes de uma CPI. São muitos os que querem pegar carona nesse bonde gratuito. Mas, como diz uma amiga minha: "Não sei de quem eu tenho mais pena: se do Brasil ou da humanidade".

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Reflexão #13

Ou: Vida besta
Ou: Não vale a Pena
Ou: O PT vale a pena?
Ou: Chega de chuva em EsseEsseÁ!
Ou: Problema seu
Ou: Vida bandida
Ou: Vem
Ou: Espelho para a vaidade
Ou: Não é nada pessoal
Ou: Quero ver quem paga para gente ficar assim


Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível e depois enxergar

Que é uma pena, mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema de tão pequeno
Mas vai e vem e envenena e me condena ao rancor
De repente, cai o nível e eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado
O velho texto batido dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixado
Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida
E é pra não ter recaída que não me deixo esquecer
Que é uma pena, mas você não vale a pena

De Jean Garfunkel/Paulo Garfunkel, interpretado pela filha da Elis Regina.

Bonus Track
"Ali onde eu chorei, qualquer um chorava. Dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava!"
De: Não sei de quem é, mas eu adoro!

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Danielicius Comics presents: Mico Fernando

Ou: O mico está pegando

Quando eu era adolescente costumava passar minhas férias de meio de ano na casa de um primo meu chamado Maurício, sete anos mais velho do que eu. O garoto sempre tinha algum bicho dentro de casa. Além de ter sido uma das poucas pessoas a ter um sharpei em EsseEssÁ, era um expert em animais. Hoje é biólogo. Foi ele quem me explicou, mais recentemente, só para dar um exemplo, o que é que era aquela gosma que os cupins expeliam na batalha contra as formigas no filme Formiguinhaz (Antz). Sim, eu perguntei. Ou vocês acham que aquela cena em um filme infantil iria passar em nuvens eurodescendentes? Ou seja: ele é muito didático.

Maurício tinha um mico estrela, aquele cinza que tem uns tufos brancos na orelha. (Mico também é conhecido como sagüi, mas eu acho esse nome deplorável) Teve mais tarde um mico leão, mas foi logo obrigado por minha tia a “doar” o bichinho ao IBAMA. Eu, naturalmente, adorava brincar com o primeiro mico, chamado Fernando. Todo dia eu subia até o segundo andar da casa, que era aberto, e “brincava” com o animal. Ele ficava numa gaiola e eu fazia com ele coisas básicas do tipo: pegar no rabo, dar susto, comer banana na sua frente e não dar, etc. Muito divertido. Mas, um belo dia, fui lá eu todo animado dar bom dia ao macaquinho. Bem... a partir daí só me vem flashs na mente.

Me lembro que a gaiola estava aberta (soube depois que meu primo tinha colocado a comida e esqueceu de fechá-la). Também me lembro que o macaquinho pulou em cima de mim, meio nervoso, e que eu gritava. Eu gritava de cá e o mico de lá. E pulava em cima de mim. Eu o pegava e o jogava longe (no teto, na parede, nos móveis, etc), mas o bicho se revirava, caía sempre sobre as patas, voltava e me estapeava. Eu tentanto descer as escadas e ele em cima de mim. Não me lembro muito bem como eu e o mico Fernando nos separamos. Foi uma relação difícil. Lamentavelmente esta é uma lacuna na minha vida. Mas eu tive que dar um tempo na rua até que meu primo conseguiu acalmá-lo e colocá-lo novamente na gaiola. Fim. Moral da história: Hoje em dia eu só “brinco” com animais depois de ter certeza que eles estão bem trancados.

Mico Fernando

Pouca gente sabe, mas o brasileiro conta com um herói que age na surdina, sorrateiramente contra os corruptos e sonegadores de impostos, em favor da gente honesta, oprimida e mal-trapilha. Aliás, ele não age: inspira. A Poícia Federal brasileira é um de seus seguidores. Foi o Mico Fernando quem os inspirou a prender, por exemplo, Eliana Tranchesi, empresária da Daslu, e os irmãos Schincariol. O mico também está no pé do publicitário Marcos Valério e dos deputados acusados de receber mensalão. "O trabalho está duro", reclama ele. Tão falando tanto dele lá na França e o próprio ainda não teve tempo de dar um pulinho por lá. Todo aquele dinheiro gasto no tal ano do Brasil na França e todo mundo dizendo que está sendo um mico... uma pena mesmo.

Mico Fernando, num flagra, comendo banana: “Mi culo”, diz.

Mas, ao contrário da espetaculosa Polícia Federal brasileira, sabe-se que a única aparição do Mico Fernando na televisão foi na propaganda dos tubos Tigre, um bico feito para se manter. Porque, vamos combinar, ninguém é de ferro, muito menos o nosso herói. Mas aí você se pergunta: Por que Fernando fica nas sombras da mídia nacional? Bem... a resposta está no início. Reza a lenda que uma repórter lançadora de tendências da Folha de São Paulo, de prenome Erika, conseguiu uma exclusiva há muito tempo atrás com o nosso herói, responsável pela divulgação do "mico" que foi a construção da Casa da Dinda. Depois de muita negociação, deu-se, enfim, o encontro:
- Como devo te chamar. Qual é o seu nome?
- Mi nombre es Fernando, guapa.
- Ah, quer dizer que você não é brasileiro?
- Si, yo nascí en Anazonia. Tu sabes que Amazonia no es solamente o Brasil, pero tambien és o Equador, Peru, Colombia, Venezuela...
- Tá, tá, tá!
- Hablo español e...
- Tá, tá, tá! Foi difícil saber das irregularidade da constru...
- Te necessito, guapa.
- Como? Sim, é por isso que estou aqui, meu bem. Eu que...
- Te quiero.
- Hein!? Tá me tirando?
- Da me tu leche, mi vida.
- Ah, vá te catar. Além de estar decepcionada com este seu modelito chinfrim setentista, você ainda vem dar em cima de mim!
- Quieres casarte conmigo?
- Se manca, sagüi!.
Erica saiu batendo forte o pé, furiosa. Enquanto o Mico Fernando começa a cantar:
- "...Did I say something wrong? Oops, I didn't know I couldn't talk about sex...And I'm not sorry, It's human nature..."

E assim foi-se embora a primeira e única oportunidade do nosso herói ser apresentado nacionalmente. A notícia se espalhou pelo mundinho fashion feito rastilho de pólvora, mas ficou por aí mesmo. Até hoje quando algum desavisado pergunta para Erika sobre a história, ela nega e diz que foram os invejosos quem a inventou. Mas, no íntimo, em silêncio, diz para si mesma: - Aquele primata me paga! Depois, joga o cabelo para o lado e olha fixamente para o espelho, concentrada na sua imagem, sentido-se... muy guapa.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Danielicius Comics presents: Anti-heróis Nacionais (Parte I)

O Capitão Cueca

A crise do PT e do governo Lula, a cada dia que passa, está se transformando em uma verdadeira comédia, se não fosse tão assustadora: é uma tragicomédia. O mais recente personagem, o Capitão Cueca, é definitivamente um anti-herói nacional. Mas, apesar disso, não podemos negar que ele é a cara do macho latino. Seu segredo, para o bem e para o mal, está entre as pernas.

Por um vacilo infantil, isso para dizermos o mínimo, ele foi pego no último sábado pela Polícia Federal com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil no seu principal esconderijo: a cueca. Os caras logo desconfiaram daquela potência viril. "Estava grande demais", disse um policial federal. "Meia, banana, entre outros objetos, a gente já tá acostumado a ver nessa parte, principalmente quando os paulistas passam pelo raio-X do aeroporto", afirmou outro. "É uma questão de auto-estima, uma coisa cultural de nosso povo". Um amigo baixo-astral disse: "Eu sempre passo com um milhão e ninguém nunca me parou".

Cúmplices do Capitão Cueca em conspiração. Não se engane, é uma gangue: eles roubam pirulito até de criancinhas

Mas, em vez de paulista, o Capitão Cueca é cearense, tem 39 anos, chama-se José Adalberto Vieira da Silva, e trabalhava para o deputado estadual cearense José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente do PT, José Genoino. A notícia de sua prisão foi a gota d´água para a saída de Genoíno da presidência do partido. Ele estava indo de São Paulo para Fortaleza e faria escala em Brasília, a capital dos Homens-Cueca samba canção, uma sub-categoria do Capitão Cueca. O presidente Lula disse "é um pesadelo". E é.

Mesmo um anti-herói, o Capitão Cueca tem brasilidade, tem ginga, uma vez que o brasileiro acha mais seguro guardar dinheiro dentro de roupas íntimas do que em banco. Por exemplo: no carnaval baiano, a coisa mais comum é você colocar dinheiro na cueca ou, no caso feminino, no sutiã. Na rua é um bota e tira que você acha que está vendo um bando de devassos. Não é, é apenas precaução. Agora, 100 mil dólares é coisa de herói mesmo. Viajar com esse dinheiro sem usar a mala é incrível.

O Homem-Mala

Ao contrário do Capitão Cueca, o Homem-Mala não goza da simpatia popular. Eles são vilões da pior espécie. Geralmente é um político, publicitário, religioso ou empresário engravatado que carrega dinheiro na... mala! Sinceramente, mala pega muito mal. Ontem, a Polícia Federal prendeu sete malas com cerca de 10 milhões de reais em dinheiro vivo num avião fretado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Dentro do jato estava o deputado federal (político) e presidente da Universal (religioso), João Batista Ramos da Silva (PFL-SP). Segundo o deputado, o dinheiro foi arrecadado a partir de doações de fiéis da igreja e que seria depositado numa conta do Banco do Brasil em São Paulo.

Aqui na Bahia, um jornal muito discreto, mas direto, chamado Tribuna da Bahia, definiu o episódio como "Mensalão de Deus" e disse: "Que o dinheiro é de uma igreja evangélica, não restam dúvidas. Dinheiro arrecadado do dízimo pago pelos fiéis, o que também não é novidade. Nem ilegal. A própria igreja assumiu isso. Era o mensalão de Deus. Mas numa fase de tantos escândalos e de tantas malas pretas circulando por aí, bem que o país podia se livrar desse susto". Com relação aos Homens-Mala nada a declarar.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Nowhere to go

Responda quem puder: Quanto vale a vida de um londrino? Ou de um novaiorquino? Ou de um madrilenho? Ou de um paraense? Quem dá mais! Os ataques supostamente atribuídos a rede Al Quaeda que aconteceram ontem em Londres e mataram ao menos 50 pessoas chocou novamente o mundo. A nossa geração já tem pelo menos três referências: o 11 de setembro, nos Estados Unidos; o 11 de março, em Madri; e agora o 07 de julho, na capital da Inglaterra.

...

Mas eu me questiono (algumas religiões dizem que isso é perigoso): a vida de um europeu é mais importante do que a de um iraquiano ou de um afegão? Por que nossa indignação é menor quando se trata das mortes irresponsáveis que estão acontecendo no Iraque ou, sei lá, Haiti? Será que eu estou sendo hipócrita, insensível, estou trocando as bolas? Será que por pensar assim estou apoiando algum ataque? Não! Agora, se me perguntarem se acredito na lei da ação e reação, respondo sem pestanejar: - Eu acredito. Sinceramente, só tenho a dizer que lamento o que aconteceu em Londres.

Muçulmanos voltam a ser o centro das atenções do Ocidente. Imagem do ônibus que rodou o mundo, sem trocadilhos, hein

Por falar nisso, pouca coisa nesse mundo tem sido mais repetitiva que o noticiário sobre o Iraque. O site O Homem Chavão tirou a prova e revelou: "você nunca sabe se está lendo notícia nova ou se é a de ontem."

1. Iraque encontra mais 46 corpos no fim de semana - 16/05
2. Corpos de 12 iraquianos são encontrados em Bagdá - 16/05
3. Número de executados no Iraque nas últimas 48 horas já chega a 47 - 16/05
4. Decapitados dois jornalistas iraquianos - 16/05
5. Polícia descobre 46 cadáveres no Iraque; 25 deles em Bagdá - 16/05
6. Iraque: motorista e dois jornalistas da TV do Kuwait são assassinados - 15/05
7. Encontrados 34 corpos de iraquianos mortos por rebeldes - 15/05
8. Encontrados 28 cadáveres de iraquianos mortos por insurgentes - 15/05
9. Morrem sete pessoas em dois atentados suicidas no Iraque - 15/05
10. Morrem quatro pessoas em dois atentados e governador sai ileso - 15/05
11. Dois funcionários de companhia industrial morrem no Iraque - 15/05
12. EUA concluem operação no oeste do Iraque; 125 rebeldes mortos - 14/05
13. Atiradores matam em Bagdá funcionário da chancelaria iraquiana - 14/05
14. Explosão no Iraque mata pelo menos quatro pessoas - 14/05
15. Nove soldados dos EUA morrem no Iraque, nova explosão em Bagdá - 14/05
Entre outros.

Agora, só mais uma perguntinha: quanto é que vale mesmo a vida humana, hein? Tenho uma suposição: 60 dólares o barril, segundo a cotação de ontem na bolsa de Nova York.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Vamos fugir desse lugar?

Ora, ora, ora... então Marcelo D2 e Pitty são, respectivamente, o melhor cantor e a melhor cantora do Brasil, de acordo com o Prêmio Multishow, entregue ontem no Teatro Municipal do Rio. Então o melhor CD de 2004 é o acústido do próprio D2? Ha! Em sua décima segunda edição, a premiação só fez comprovar uma coisa: o público do Multishow tem um péssimo gosto. Afinal, a decisão ficou a cargo de votações livres pela internet, sem juri especializado. Ah, tenha dó! Por exemplo: O público escolheu Vamos Fugir a melhor música de 2004. Vamos Fugir? É, aquela mesma que foi composta em 1986 (!?) por Gilberto Gil. Ela foi regravada pela-banda-animadora-de-torcida-de-futebol Skank. Ah, faça-me o favor!

No Brasil, é preciso ter muita atitude, como D2 e Pitty...

Definitivamente, a pobreza da nossa indústria musical ficou escancarada nessa premiação. Escolher Júnior, da dupla Sandy e Júnior, como melhor instrumentista do país é de deixar qualquer um em depressão. Como de praxe, ele foi vaiado. Mas, ainda escabriado, Junior chapinha disse nos agradecimentos: "recebo com humildade e como incentivo para estudar muito e um dia dizer 'hoje eu mereço'". Tá? A grande promossa da música popular brasileira chama-se Motirô. O grupo, acho que é grupo, né?, concorreu com a baiana Rapazzola, comandada pelo astro Tomate. Estou bocejando. Quem é da terrinha sabe do futuro que essa banda terá.

... ou muita fofura, como Sandy e Júnior e Tomate, do Rapazzola

Sinceramente, é com isso o que o público de hoje se identifica? Carinhas bonitas, estilos pré-fabricados e qualidade risível? Pelo menos Tati Quebra Barraco fez bonito ontem: chamou o "clipe do ano" de "clipe da semana" e não esperou a apresentação dos indicados. Foi logo dizendo que Pitty ganhou. Morô? Quer saber? que coisa mais irrelevante falar sobre isso...

Melhor Cantor: Marcelo D2
Melhor Cantora: Pitty
Melhor CD: Marcelo D2 - "Acústico"
Melhor Clipe: Pitty - "Semana Que Vem"
Melhor DVD de Música: Ivete Sangalo - Ao Vivo
Melhor Grupo: O Rappa
Melhor Instrumentista: Junior Lima (Sandy & Junior)
Melhor Música: "Vamos Fugir", com Skank
Melhor Show: O Rappa
Revelação: Motirô

segunda-feira, 4 de julho de 2005

La ley del deseo

Ou: Democracia nas relações afetivas

Sei que já passou, que todo mundo já falou, mas eu não. Vou requentar. Semana passada, a Espanha, quem diria? a Espanha!, se converteu no quarto país do mundo a aprovar a união civil de homossexuais, dois dias depois daquele país que fica "em cima" dos Estados Unidos... aquele superdensenvolvido, cheio de gelo... como é mesmo o nome? ah, Canadá!, ter feito o mesmo. Os outros dois países que já estão aceitando a união de pessoas do mesmo sexo são a Holanda (2000) e a Bélgica (2003). Em várias partes do mundo, a legalização está avançando.

Só que, por ser um país majoritariamente católico, ao contrário dos outros, a aprovação do projeto no país de Dalí, Picasso e Lorca (Uma coisa que eles não podem se queixar é de referências) gerou manifestações pra lá de passionais tanto das pessoas que são favoráveis a ele quanto de seus opositores, liderados pela Igreja Católica. A repercussão, nesse sentido, está sendo bem maior, ainda mais porque os latinos foram além: a lei é a primeira a reconhecer integralmente a igualdade entre casais homeossexuais e heterossexuais sem reservas: pode casar, pode adotar, tudo.

Parlamento espanhol

Só que nesse episódio, me chamou a atenção a defesa do projeto pelo primeiro ministro espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, que não sabia até então quem era. Ele disse: "Uma sociedade decente é aquela que não humilha seus membros.(...)Uma das grandezas da democracia é a liberdade religiosa, a liberdade de opinião e a liberdade de levar adiante um projeto político com o voto dos cidadãos”. Caralho, parece óbvio, não? Para muita gente não, principalmente os religiosos, que teimam em se meter em assuntos de Estado.

Embora já tenha passado a época do III Concílio de Latrão, que tornou o homossexualismo crime, e da era vitoriana, que mandou Oscar Wilde para o cárcere, ainda hoje pessoas são mortas a pancadas simplesmente por terem um comportamento diverso do convencional. A sociedade inclusive dá um certo indulto, uma espécie de licença para matar, além da exclusão social. Pois bem. Zapatero disse na quinta que se o papa (Chico) Bento XVI fizer alguma declaração, ele estará preparado para respeitá-la. “Ele vai contar com todo o meu respeito”, disse, já que “a liberdade de opinião é uma das garantias da democracia”. Finalizou, explicando que a reforma do Código Civil espanhol “ahorra sufrimiento inútil de seres humanos”. Massa, ponto para o Zapatero.

Chico Bento XVI ainda não se manifestou, mas o jornal El país publicou uma matéria com cardeais indignados com o projeto, que consideram-no uma "aberração" e um escândalo mundial. Eles querem a cabeça de Zapatero, sua renúncia. O cineasta Pedro Almodóvar, o mais destacado diretor espanhol da atualidade, também falou: disse que as famílias do século 21 são diferentes e não têm de refletir o modelo tradicional católico. "Não gosto de casamento, não vou me casar. Mas é importante que isso seja chamado casamento para que as pessoas saibam que é a mesma coisa para todos", disse.

Protesto e comemoração na Espanha: "É uma desgraça", disseram os primeiros.

Tudo isso me lembrou um programa que assisti na TV Cultura chamado Café Filosófico onde a convidada, a escritora e filósofa Márcia Tiburi, essa mesma que está pagando de gatinha no "Saia Justa" da GNT, falou sobre o tema "Democratizar o amor e a amizade". Primeiro, Márcia fez um histórico tanto do amor quanto da amizade desde "O Banquete" de Platão até os dias de hoje. Quando ela chegou na democracia eu quase surtei. Afinal, já eram 12h30 da madrugada! Mas a conclusão foi interessante. Márcia disse que embora não seja perfeita (e não é!), a democracia no âmbito das relações afetivas pressupõe que todos devem ter acesso a tudo, sem exclusão.

Ao contrário da democracia antiga, a contemporânea inclui todo um rol de direitos humanos, bem variados. Embora a maioria decida por todos, os outros, ou a minoria, têm que ter seu espaço garantido. Se fulaninho quiser pagar um de eremita e quiser viver solitário vagando por aí sem se manifestar, a democracia tem que garantir o seu espaço. Da mesma forma, se beltrano quiser permanecer virgem, o problema é dele, ninguém tem nada a ver com sua vida nem condená-lo porque não está casado. Se Maria desejar ficar com Joaquina, idem. Eu sou heterossexual, eu sou bissexual, eu estou hipersexual, eu estou assexual. É uma escolha pessoal e não interessa mais a ninguém! Os outros, segundo Tiburi, deveriam falar: tal pessoa encontrou uma maneira de se sentir completa e feliz. Essa é a democracia afetiva. Afinal, na medida em que se é determinado um padrão de comportamento ou de felicidade, quem não conseguir se enquadrar ou quem não quiser, está condenado a infelicidade. Concordo.

No Brasil, existe um projeto de lei de união civil criado por Marta Suplicy rolando há mais de 10 anos no Congresso. Já foi 13 vezes para votação no plenário da Câmara dos Deputados e todas elas acabaram em adiamento da discussão e da votação. No entanto, o Judiciário brasileiro, principalmente os juízes de primeiro grau, já reconheceu casos de partilha de bens, guarda de menores (caso do filho da cantora Cássia Eller), direito previdenciário e pensão alimentícia. Parece pouco, mas não é. A questão da liberdade, igualdade e respeito à dignidade humana passam, necessariamente, pela inclusão na proteção jurídica. E é isso que está acontecendo.

Este é só um aspecto da vida social que deve ser observado e eu queria falar essa história de democracia nas relações afetivas há meses. Por isso que eu peguei o exemplo da Espanha. Quem quiser saber um pouco mais sobre democracia, acho interessante esse artigo do filósifo Renato Ribeiro. Enfim, é como diria Caetano, o Sócrates brasileiro (hehe): (Enquanto) "Todo mundo quer saber com quem você se deita. Nada pode prosperar".

Bonus Track:
Neste domingo, João Ximenes , do Globo, falou sobre a Parada Gay do Rio, questionando-se se aquilo era um carnaval ou não e se tinha um caráter político. Recomendo.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Heloísa returns

Sempre achei que rinha de galo, o hobby do publicitário Duda Mendonça, fosse considerada contravenção. Na verdade ela é tipificada como crime ambiental e ao praticante é prevista pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. Vendo a cena de ontem da combativa senadora Heloísa Helena "discutindo" com o deputado Maurício Rands (PT-PE) na abertura da CPI dos Correios para ouvir os autores da gravação na estatal, me veio imediatamente a associação. Teoricamente, o Congresso e, por tabela, as casas legistativas, deveria ser o local ideal para debates de interesse da sociedade. Entretanto, em função da qualidade rasteira e o nível baixíssimo não só ntelectual como moral de nossos políticos (digo do Brasil), eu tenho a impressão que estamos nos fundos de algum quintal, no meio da lama, vendo animais irracionais se degladiando. Lamentável. Agora, se os deputados se comportam como galináceos, quem deve ir para a cadeia: Duda Mendonça?
- SEU FILHO DE UMA ÉGUA PERDIDA. Vou acabar com sua raça. Me laaaaaarga, que aqui não tem homem macho pra me bater!

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Anarriê

Um baiano, um coco
Dois baianos, dois coco
Três baianos, uma cocada
Quatro baianos, uma baianada*


Enfim... o feriadão de Sãojão terminou. Foram quatro dias de (muita) chuva e frio (temperatura entre 20 e 22 graus, um absurdo de bater os dentes!) na capital da Bahia, que ficou às moscas. Praticamente todo mundo se mudou para o interior do estado com a intenção de morrer de frio por lá mesmo, o que foi ótimo. A galera, além de enfrentar engarrafamentos na quinta-feira, com destaque para a BR 324, teve que se desviar não só de fogueiras, mas da buraqueira que se transformou as estradas federais e estaduais que cortam o estado. Os mais corajosos atravessaram de ferry (todos com problemas) a Baía de Todos os Santos em direção a Ilha de Itaparica. Mas tudo vale a pena por um rala coxa ou um mela cueca, não é verdade?

Bem... Quem ficou em EsseEsseÁ teve que fazer programa de crioulo doido deprimido: ir para o Pelourinho. For example: eu. Mas não fui só. Armei uma galera afinadíssima com a época: administrador, ator, jornalista, químico, economista, garçom e professora de geografia. Apesar de protestos, os convenci, simplesmente porque acho indigno um nordestino não comemorar São João, basicamente "pra mó di se casar". Meu principal argumento: povo, espécime que adoramos. Não por muito tempo, é claro. Realizado há seis anos, o projeto "São João é no Pelô" transforma o Centro Histórico de EsseEsseÁ em uma cidade de interior, com vários eventos gratuitos nas ruas e praças do local.

Resumindo a história: Quando chegamos, ainda com chuva fina e ao som de fogos de artifício, ouvimos um grupo tocando samba de roda e arrastando um bando de gente atrás. Não sei se tem alguma coisa a ver, mas tudo é possível em EsseEsseÁ, mais especificamente no Pelourinho. Muito esfrega-esfrega, risos, deboche, furto... ou seja: o básico, coisas da terra. E a chuva miúda caindo, o que gerou uma das cenas mais cômicas que eu já vi na vida: um grupo de garotas com bota à la América e saia "abajur de xereca" dançando com saco de supermercado na cabeça para não molhar o cabelo. Tudo.

Ao contrário dos freqüentadores de pagode, que parecem ser o mesmo homem e a mesma mulher multiplicados, no São João do Pelô a impressão que eu tive foi que as mulheres (derrubadas) de Barretos estavam fazendo escala por ali. Os homens, sem comentários: a maioria usando pólo ou camisa quadriculada por dentro de calção de surfista e tênis “ dimarca”. Tinha gente bonita? Sempre tem. Mas que dava trabalho encontrar, isso dava.

Sem estímulos, o grupo começou a ficar meio disperso, olhando muito para os lados como se estivesse com medo de ser flagrado em falta. Depois de uma hora (um tempo épico!) no Pelourinho, resolvemos invadir a casa de alguém e tomar licor e beber, beber e beber para no outro dia, ainda em ressaca, bater com a cara na porta fechada de cinema, restaurante e qualquer outra coisa interessante que, a priori, faz com que uma cidade seja chamada de metrópole. Definitivamente, EsseEsseÁ não é digna desse nome. Quase ninguém na rua. Morremos numa pizzaria à rodízio em pleno feriado de São João. E aí, você curtiu o Sãojão?

* Nadavê com a interpretação paulista de baianada.

terça-feira, 21 de junho de 2005

Hummmm... sei lá, entende?

Sob um intenso ronco de motores, o Papa Chico Bento XVI, abençoou no último domingo, no Vaticano, cerca de 20 veículos da marca italiana Ferrari. Os veículos foram estacionados no meio da Praça São Pedro para receber a proteção do pontíficie durante a reza do Ângelus. "Os vemos e os sentimos", disse o Papa ao final da reza. Aí, você pensa: que estranho ver um papa abençoar um carro! Ainda mais uma Ferrari, um brinquedinho que eu nunca vi nem senti, e que não sai por menos de R$ 300 mil. Não seria mais simpático, já que de religioso não vejo nada, dar sua proteção, que por tabela é a de Deus, a um Fusca (carro da terra dele), ou um Chevet Hatch, ou um Uno Mille? Quem acha o rock´n roll coisa do capeta pode gostar de Ferrari? Ai, meu Deus, está cada dia mais difícil compreender Seu mundo. Será que Cristo também abençou alguma carroça?

Forte esquema de segurança para os carros dos mano, que pagaram de gatinho. Eles (os carros) também querem ir para o paraíso, tá ligado?


Imagem é tudo!
Se me perguntarem se existe alguma coisa que me deixe assutado atualmente, além das declarações e ações de Chico Bento XVI, respondo, sem nenhuma dúvida, que são as capas das revistas semanais brasileiras. A criatividade delas me mete medo. O vermelho já é lugar comum, assim como a estrela do PT caindo ou se quebrando. A Veja, por exemplo, colocou uma estátua de Lula se despedaçando. Um primor de imagem.

Imagine quando o Apocalipse chegar!

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sexta-feira, 17 de junho de 2005

Vá trabalhar, vagabundo!!!!

Ou: Qual a sua relação com seu chefe? Você tem chefe, né?

Definitivamente, as relações no trabalho são algo que provocam discussões bastante calorosas. Não tem jeito, se você não é empresário, ou, para usar um termo mais atual, empreendedor, tem que engolir sapos, sim, se quiser manter seu rico (há!) dinheirinho no final do mês. Vou abrir um parênteses. Aqui entre nós, eu, particularmente, acho que se aventurar em algum negócio no Brasil como empreendedor é mais uma conseqüência da falta de alternativas no mercado de trabalho do que, digamos, talento de nosso povo. Sabe, dizer aquela frase mágica “Odeio receber ordens, vou abrir minha própria empresa. Fodam-se todos. Fui!!!” é, para dizer o mínimo, um risco. Afinal, é bom saber que ao iniciar um negócio, você se torna uma franquia do governo. Mais da metade do que você ganhar vai parar nos cofres públicos. Estimulante, né? Fecha parênteses.

Então, vamos combinar que você é empregado, tá? Um assalariado, ô inferno! Afinal, você estudou pra caralho (sua bunda dói até hoje de tantas horas perdidas na madrugada), fez faculdade, não quer e nem tem talento para abrir firma nenhuma, e está naquele emprego que você se agarrou para pagar suas contas e comprar “uns pano”. Combinado? Então, temos uma coisa em comum: chefe.

Recentemente, a Justiça julgou casos que estão dando pano pra manga. Chefe pode mexer no seu e-mail e pode, olha que engraçado, falar alto contigo. Mas, bisbilhotar o e-mail não é invasão de privacidade? Mas, gritar é mesmo a melhor maneira de aumentar a produtividade do subordinado? A Justiça entende que não.

Caso 1
Juízes do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, ao julgar o caso de um ex-funcionário da Livraria Siciliano no início deste mês, - que além de entrar com um processo por verbas devidas pela empresa, solicitou indenização por danos morais, baseado em tratamento considerado rigoroso e ofensivo por parte de seu superior –, entenderam que não se caractariza dano moral se o superior hierárquico é enérgico em suas cobranças, desde que não ofenda os seus subordinados.

Caso 2
Um funcionário do HSBC foi demitido por justa causa após a instituição descobrir que ele utilizava o correio eletrônico do trabalho para enviar aos colegas fotos de mulheres nuas. Um tarado, praticamente! O empregado entrou com uma ação na Justiça e os juízes do Tribunal Superior do Trabalho disseram no mês passado que ele estava errado, e que o chefe tem o direito, sim, de violar o sigilo de correspondência de caixa eletrônica que ela tiver colocado à disposição do funcionário. Foi o primeiro julgamento do tema no Brasil. Em tese, o ex-funcionário ainda pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal), alegando que a empresa violou o direito ao sigilo de correspondência.

Com relação ao grito, e eu que trabalhei em algumas empresas de comunicação entendo muito bem isso, é uma “ação” extremamente comum, chega a ser um mantra. Sabe a relação Clark Kent e Perry White, chefe do jornal Planeta Diário? Pois é. Mas tudo tem seus limites, principalmente nas relações no trabalho. Como é comum ver ou saber de histórias de gente que passa dos limites, confundindo autoridade com autoritarismo, agüente rompantes de gente desequilibrada até onde puder. Agora, ser exposto a situações humilhante e constrangedoras em público... aí, não! Isso já é assédio moral. Veja aqui alguns dos tipos mais comuns de chefes sem mãe. Quanto ao e-mail, isso é bem fácil: se a empresa lhe dá um e-mail para você trabalhar, porque você vai mandar mensagens pessoais por ele? Vacilo puro. Concordam? Não?

Por acaso, você não está lendo isso aqui do trabalho, não é? Huuummm... Abafe o caso!!!

Bonus track
O chocolate quente custa cinquenta centavos aqui perto. Então, eu coloquei uma moeda de um real na máquina e ela me devolveu cinco moedas de dez centavos. PLENC! PLENC! PLENC! Não parava de cair moeda. Me senti num cassino em Las Vegas. Quase gritei "Uau, ganhei!!!!!". Ganhei algo além dos quinhentos milhões de calorias.
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