sexta-feira, 23 de julho de 2004

Dura vida de plástico

“I’m a barbie girl, in a barbie world. Life in plastic, it’s fantastic. You can brush my hair, undress me everywhere.Imagination, that is your creation...”

Um dos mais duradouros produtos a alimentar as inseguranças da cultura de consumo obcecada por perfeição e beleza está “correndo perigo” de perder o posto de número 1. Ainda não sabe qual é? Não mesmo? Estou falando dela, de Barbie Millicent Roberts, carro-chefe da fabricante americana de brinquedos Mattel.

Quem pensou que a culpa é da Susy (quem?), lamento, está enganado. As reais culpadas são as bonecas Bratz, da MGA: Yasmin, Jade, Sasha e cia., criadas para serem, vejam só, mais “malandras” e “transadas” do que a quarentona. No Reino Unido, as cabeçudas já têm mais de 30% do mercado. Só para se ter uma idéia da facada, em abril deste ano a Mattel viu seus lucros caírem 73%. Nesta semana, a empresa anunciou que as vendas mundiais da Barbie caíram 13%. Motivo da preocupação: a bonequinha representa US$ 3 bilhões dos US$ 5 bilhões do faturamento da companhia norte-americana.

- Se liga, Barbie magricela, teus dias estão contados. Morô?

“Nascida” em 1959, a bonequinha, caracterizada pelo busto volumoso, cintura de vespa e quadris estreitos, está presente em 150 países. É o brinquedo mais vendido do mundo (mais de 1 bilhão em 44 anos), um ícone cultural e alvo de críticas e desprezo. Sua criadora, Ruth Handler, falecida em 2002 aos 85 anos, disse em sua biografia, que sempre viu Barbie não somente como um veículo para que as meninas canalizassem suas fantasias da vida adulta, mas como um meio para fazer coisas. Barbie já teve cerca de 80 empregos, desde garçonete até presidente.

"Toda minha filosofia de Barbie era que, através da boneca, as meninas pudessem ser tudo aquilo que gostariam de ser", escreveu Ruth em sua autobiografia. "Barbie sempre representou o fato de que uma mulher sempre tem opções", disse. An-han... sei. À parte a cara de pau de Ruth, qual é a menina que não tem uma história para contar a respeito da boneca, seja porque não teve uma, seja em decorrência das frustrações em querer ser realmente a própria?  Se a Barbie tivesse forma humana, teria 95 cm de busto, 45 cm de cintura e 82 cm de quadril, números praticamente impossíveis de serem alcançados até pela a modelo Gisele Bündchen, que tem 86 cm de busto, 59 cm de cintura e 85 cm de quadril.

Tema de exposições, páginas e páginas de teses, atriz de longa metragem, Barbie tem ainda colecionadores que chegam a pagar US$ 10 mil por uma boneca. Além da legião de amigas e parentes, a bonequinha ganhou avós no ano passado, com cara “mais serena, menos esfuziante”. Curiosamente, os pais da Barbie nunca foram lançados. Por quê?

Primeira Barbie, de 1959. Barbie anos 70 e aos 40 anos

No ano passado, após 43 anos de namoro, um choque: Barbie e Ken se separaram. Um dos motivos para a separação foi a relutância de Ken em se casar. (Meu Deus, eu estou fazendo isso?). Em conseqüência disso, a bonequinha trocou a outra bonequinha por um garotão surfista australiano chamado Blaine. E o que vai acontecer com o também quarentão Ken? Vai atrás de novas emoções, entenderam? Bem moderno. Quem não gostou muito da história foi a Igreja Católica, como sempre. Barbie e Ken se conheceram em um set de comercial de TV, em 1961.

Enfim... Apesar da competição crescente, a Mattel diz que a posição da Barbie está segura. O público-alvo da boneca são meninas a partir - eu disse, a partir -  de três anos de idade (quando começa a catequização), enquanto as bonecas Bratz se voltam para crianças de mais de oito anos. Ah, tá!

Bônus Track
Das bonecas Barbie vendidas no Brasil, 80% são loiras. Outras 15% são morenas. A Barbie negra representa apenas 5% das vendas da Mattel no Brasil. De acordo com a gerente de marketing da filial brasileira, todos os pontos de venda possuem as versões morena e negra da Barbie. Mas a mais vendida é a loira.

PS.: Não, nunca brinquei com a Barbie de minha irmã. Eu tinha o Falcon, tá?

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