quinta-feira, 8 de julho de 2004

Chapa quente...

...ou Cada um tem a rainha que merece

Se o governo Collor foi marcado pelo ritmo sertanejo (É o amooor, que mexe com a minha cabeça e me deixa asiiiiimmm!); o de Itamar/FHC pela ascensão e queda da Axé Music e do Pagode (Vai descendo na boquinha da garraaafa. É na boca da garraaafa!) e já no finalzinho pelo funk carioca (Quer dançar, quer dançar, o tigrão vai te ensinar); a era Lula, que nem bem iniciou, já começa também a ganhar seus representantes na música. Se marcarão? Só o povo sabe. Ele é que gosta mesmo, uai.

Mas a verdade é que atualmente duas estrelas estão despontando nesse tal “novo” cenário musical e estão levando multidões aos seus shows. Elas vieram, é claro, da BAhia e do Rrrio. Pobres, fora do padrão de beleza de mulher vigente, estão na moda. Viraram rainhas e tornaram-se referência em seus estados. Estou falando de Nara Costa e Tati Quebra-Barraco.

As rainhas do Brasil. Somos do povo

Faz do jeitinho que ela gosta. Arrocha, arrocha, arrocha. Vem chamegando, que chegou a hora. Arrocha, arrocha, arrocha”. A Rainha do Arrocha, Nara Costa, é a principal representante do ritmo que nasceu em Candeias, cidade da Região Metropolitana de Salvador, e que tomou conta da periferia da capital baiana. A dança é uma espécie de seresta mais rápida. Tem que dançar agarradinho. É mais uma para o repertório dos baianos, que já inventaram o fricote, a dança da galinha, do crocodilo, da manivela, da garrafa, do requebra, etc.

As músicas são, em sua maioria, regravações de canções populares que fizeram sucesso, como “Nem um Toque”, eternizada por Rosana, ou “Te amar é tão bom”, da cantora cega Kátia. Quem não se lembra dela? Uma figurinha fácil no Globo de Ouro (as melhores músicas da semana!) e no programa do Chacrinha. Enfim...

Nara começou a “aparecer” na mídia este ano, quando fez show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Foi a primeira vez que um representante do gênero pisava em um espaço... digamos... mais tradicional da cidade. Ganhou matéria em jornal. Foi um sucesso. Depois, subiu no trio com a “ixsperta” Ivete Sangalo no Carnaval, e por aí foi.

“Tudo começou com uma brincadeira de barzinho. Um amigo me convidou pra cantar o arrocha. No início, relutei um pouco, disse que meu negócio era MPB, mas acabou acontecendo e a coisa chegou até aqui, como está hoje”, disse Nara em entrevista ao site ibahia. No último domingo, Nara e a gang do arrocha se apresentaram no Domingão do Faustão, da Globo. Antes, o ritmo foi tema de matéria de Regina Case, no Fantástico. Agora, o Brasil inteiro vai dançar o “arrocha, arrocha, arrocha”. A nova febre nacional.

Ou então, o Brasil vai dançar:

Se te pego no meu quarto, vou fazer o que tá na mente, te chamo de lagartixa, te mostro que a chapa é quente. Quebra, quebra o meu barraco”. A atual diva do funk carioca, Tati Quebra-Barraco não só tá na moda (já foi homenageada em desfile hiper hype em EssePê), como tá na mídia. A Zona Sul carioca praticamente está rendida aos seus comandos. Suas músicas "Fama de Putona", “Cachorra chapa-quente”, “Assanhadinha” e “Na boca da theca”, entre outras, fazem referência direta e explícita ao sexo. Por isso o sucesso. Mas, além disso, a garota nascida na Cidade de Deus tem fama de durona. É preciso respeito enquanto está cantando: "Se falar durante meu show, eu xingo. Se tiver que bater, bato. Se me xingam, bato com o microfone na cabeça."

Sou feia, mas tô na moda.

Tati costuma falar que da televisão só respeita Gugu Liberato e acha que a Globo não gosta dela. "Lá não gostam de favelado, preto, pobre, polêmico. Têm preconceito, mas, se estoura, eles chamam, como aconteceu com o Bonde do Tigrão", disse na FSP.“Tudo o que eu canto nas músicas que faço é a realidade da vida. Só falo o que qualquer mulher muitas vezes gostaria de dizer, mas não tem coragem. Elas ficam caladas, eu boto pra fora”, explica. Será?

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