segunda-feira, 19 de julho de 2004

Dedo tem utilidade, sabia? (Parte II)

Em função do segundo show da Ângela Ro Rô realizado em Salvador e também do texto escrito na sexta-feira, 16, gostaria de fazer algumas ressalvas com relação aos dois. Achei que pesei um pouco a mão no meu comentário. Às vezes, eu esqueço (quem não esquece?) que as palavras têm vida e força próprias tão destruidoras quanto uma arma que mata.
 
Ontem, Ro Rô se apresentou no Pelourinho para uma multidão, que lotou a Praça Quincas Berro D´água. "Não tenho nem como me esconder. Pra todo lado que eu olho, tem gente", disse a cantora. Com o dia ensolarado, as pessoas tietaram Ângela e cantaram junto com ela clássicos de sua carreira. "Adoro vocês", revelou. Estava feliz e à vontade. Sua língua, tranquila. A situação foi completamente diferente da que ela enfrentou no French Quartier. (É só se lembrar da história de que um animal só ataca quando se sente ameaçado.)
 
Como se tivesse lido este blog (hehe!), comentou, emocionada, no show: "Nasci brasileira. Tenho orgulho de ser brasileira. Aqui, eu herdei a fraqueza dos fortes e a força dos fracos". A galera: "Êêêêêêê". Enfim, à parte o lugar-comum, foi franca. Mas mantenho o que eu disse sobre a questão de reconhecimento no Brasil.
 
Por tudo isso, a única coisa que retiraria daquele texto seria a infeliz frase "Porque a imagem dela atualmente é digna de pena". Não, não é. E eu também não sou galo, nem galinha, nem qualquer outra ave para ter pena.  Mudar faz parte do show da vida, mesmo que ela choque ou cause estranhamento. No final das contas, a questão é só uma: saber quem tem coragem para isso.

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