quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Bom negócio

Ou: Tudo graças ao acaso ou à greve dos bancários.
* Ler ao som de Bahia com H

Na quarta-feira, sete funcionários da Igreja do Bonfim, templo católico mais famoso da Bahia e um dos cartões-postais mais conhecidos da terrinha, foram presos acusados de estarem furtando o dinheiro que os fiéis depositavam nos nove cofres instalados no local. A estimativa da polícia é de que o golpe tenha desfalcado a Igreja em mais de R$ 30 mil em 10 anos de ação.

A quadrilha - formada por zeladores, restauradores e ornamentadores - usava um arame em forma de anzol para retirar as cédulas pelo orifício dos cofres. Enquanto um fazia a “pesca”, os outros ficavam do lado de fora vigiando as entradas da igreja. Básico. Tudo começou com um que trabalhava no local há cerca de 20 anos. Sozinho, ele retirou aproximadamente sete mil reais.

Aí, um belo dia, um outro viu a “arte” do primeiro esperto. Pronto: também quis dar um tapa no dindin, caso contrário abriria o bico. E aí, um outro também viu e blá, blá, blá. Na base do ou-você-me-dá-ou-eu-conto, todo dinheiro furtado era dividido em partes iguais, sendo que a sexta-feira era o melhor dia para faturar. Só para se ter uma idéia, ao final dela, cada um ficava com aproximadamente R$ 400. Nada mal para quem ganhava um salário mínimo em carteira assinada.

Igreja do Bonfim e suas famosas fitinhas, que demoram horrores para partir

E como foram descobertos? Na semana passada, um empresário, devoto do Senhor do Bonfim, doou R$ 10 mil em dinheiro à Igreja. Como a greve dos bancários impediu que o tesoureiro depositasse essa dinheirama toda na conta da irmandade, ele decidiu colocar as cédulas no cofre para tentar fazer o depósito na segunda passada, 27. Quando o bendito abriu novamente cofre para pegar os R$ 10 mil, notou a falta de uns três mil. Chamou a polícia. E a farra acabou.

Ao saber da notícia, ficou uma dúvida: O dinheiro retirado pelos sete rapazes não era, tipo assim, nem sentido pela Igreja. Pelas minhas contas, em uma sexta-feira, era pescado dos cofres cerca de R$ 2.800. Ninguém nunca percebeu? Precisou algo bastante explicito acontecer para alguém fazer alguma coisa? Sei não... Tudo isso só me faz pensar que religião é o "negócio" mais rentável nos dias de hoje. Ou sempre foi?

Um comentário:

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom