segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Festa dos erês - Parte II

Cena 1
Minha avó, sentada em uma cadeira, no centro da sala, observando tudo com uma bengala na mão.
- Minha avó, quem são essas pessoas?
- E eu sei lá! - Me diz bem alto. Depois, baixa a voz e me fala ao pé do ouvido, indignada: - Adélia (uma agregada que vive há 37 anos com ela, ou seja, minha tia) convidou uma menina aí e ela trouxe uns cinco amigos junto. A outra (Ana) também chamou outra aí, que também trouxe uma gangue.
- Mas tá tudo bem, né?
Dá de ombros.
- Nossa, esses meninos não param de correr, né?
- Dez horas eu faço eles pararem.
- Essa é minha vó, he-he.

Cena 2
Minha avó, circulando pela casa, vendo o-que-está-acontecendo.
- An-ran... achei a senhora! Acabaram de me apresentar a uns parentes lá fora.
- Ah, é uma filha e alguns netos de meu irmão. Vieram de Sergipe.
- Sergipe? Engraçado, eu não conhecia. A senhora teve quantos irmãos mesmo?
- Perái... – Começa a contar nos dedos – Estefânia, Edith, Santos, Petrônio...
- Mas era tudo isso?
- É... Zezé, Messias, Maria Augusta...
- Humm... Como era mesmo o nome de minha bisavó?
- Eulina. E de seu bisavô era Augusto.
- ...
- ... Zefinha, Dete...
- Tá, tá... Olha, já vou logo dizendo que se eu ficar rico, não quero ninguém na minha porta, tá?

Cena 3
Uma velhinha vem em minha direção
- A quanto tempo... Você se lembra de mim?
- He-he... – Faço cara de que estou tentando me lembrar.
- Eu sou Nicinha, mãe de Adélia.
- Ahhhhh... Nicinha... Como vai?
- Nossa como você cresceu... troquei suas fraldas, te dava banho, te levava pra missa. Desde pequeno bonito... Deve tá aprontando, heim?
- He-he. Hoje já não vou mais a missa, mas apronto que é uma beleza.
Passa um tempo.
- Você se lembra de mim?
- heim??
- Você é filho de Zé, não?
- Não. Sou filho de José Augusto. Mas, você é Nicinha, mãe de Adélia, não é?

Cena 4
Festa de Família. Um porre. Estou de ressaca. Mesmo assim, digo: antes tê-los do que perdê-los.

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