terça-feira, 29 de março de 2005

O céu é o seu limite?

Tá bom. Vamos combinar que ninguém é santo. Eu não sou, tu não és, ele não é, nós não somos, eles não são. Portanto, vamos combinar mais uma coisinha: qual é o limite de se aceitar uma derrapada daquelas. Explico: você, enfim, aceita se encontrar com uma criatura bem apessoada, mas que você não dava a menor bola. Afinal, você conheceu numa festinha particular e ela estava aos beijos e amassos com outra pessoa e você, evidentemente, não é do tipo que quer encrenca. Tem a sua própria fila pra cuidar.

Além disso, era uma das principais participantes de uma ação bastante comum dos jovens atualmente: a conferência. Sem ter o que fazer e falar (não têm assunto), todos então pegam o celular de uma operadora em comum, ligam para uma pessoa qualquer (mas que alguém tem o número) para “se divertir”. O otário atende. Alguém do grupo se dispõe a passar o trote e as outras ficam ouvindo e curtindo a cantada. “- Oi, te vi em tal festa/bar e estou a fim de te conhecer. Você não sabe quem eu sou, mas você é assim e assado. Blá, blá, blá. Quero encontrar com você hoje”. São nove horas da noite de domingo! Meia hora depois de conversa, o songo mongo aceita o convite para dali a uma hora, mas pergunta: “- Que barulho é esse?”. E a outra: “- Ah, é que eu estou numa festa e tem gente conversando alto”. Mentira: eram os outros dando risada. Bonito, não? Uma dica: certifique-se, ao falar no celular, de que está conversando com uma única pessoa. Ou então, se for precavido, não faça declarações que possam servir de riso alheio. Telefone é um perigo nos dias de hoje.


Encontro marcado, ela enche a tua bola, fala maravilhas de você: que ficou encantada, etc., e que provavelmente você teve uma impressão errada dela. Aí você corta: “- Provavelmente não, tive mesmo”. Mas aí, você já bebeu umas três caipirinhas e duas cervejas e então tudo fica divertido, inclusive quando diz que o caso que estava com ela não era assim tão sério. Mas aí, você já bebeu umas três caipirinhas, duas cervejas e acredita.

Você começa a gostar, blá, blá, blá, e partem para mais encontros. Aí, definitivamente achando que você nasceu ontem, começa a dizer lorotas: “- Ah, não posso ir à praia porque só tenho R$50,00 e não consigo trocar. Vou ficar em casa”. No domingo à noite, dois dias sem ligar: “- Ah, fui no sábado para Paulo Afonso e só voltei agora”. Paulo Afonso fica a 471 km de Salvador. Alguém merece?

Engraçado que desrespeito é bem mais grave do que uma traição. Traição até dá pra perdoar, contanto que não haja repercussão, ninguém fique sabendo, pode até ser. Mas como voltar a confiar em alguém que um dia te enganou, mentiu? Que seja o amor de sua vida, seu amigo, o padeiro, confiança quando acaba é para sempre. Ou não? Eu mesmo tenho uma grande facilidade para eliminar gente de meus contatos (não, não contrato pistoleiro) e não sofrer por isso. Talento. Dia primeiro de abril está chegando aí. E vamos combinar mais uma coisa: a fila tem que andar. Sempre. Como diria minha baiana de acarajé favorita: - Próximo!
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