Sempre gostei das Olimpíadas. Me lembro que quando eu era pequeno queria, porque queria, que os brasileiros ultrapassassem os americanos no ranking de medalhas e ficassem em primeiro lugar. Torcia por nossa vitória. Quando vi que não era possível, comecei a querer que o Brasil ficasse na frente de algum país rico, para pelo menos me confortar pensando coisas do tipo “somos pobres, mas ganhamos mais medalhas que vocês, seus riquinhos otários”. Ledo engano.
As medalhas heroicamente ganhas por nossos atletas são mais consequência de seu esforço pessoal do que de qualquer política de esportes aplicada neste país, se é que alguma existe. Nos países ricos, a estrutura para treinos e de subsistência de seus atletas é, no mínimo, digna. Aqui, é preciso antes de tudo vencer com muita força de vontade os obstáculos da vida e lutar contra tudo e contra todos. Depois, conseguir sobreviver como profissional.
Em decorrência disso, acredito que a frustração sentida em 2000 pelo fato de nossos atletas não terem trazido uma medalha de ouro de Sidney, na Austrália, foi em grande parte culpa dessa mídia deslumbrada e histérica que temos. Uma coisa é torcer, outra é distorcer. Já senti que dessa vez não vai ser diferente. Em Atenas, a ginasta Daiane dos Santos é a bola da vez. Imagina se ela não trouxer a medalha de ouro?
Hoje, aos vinte e poucos e alguns anos, torço pelos atletas brasileiros porque essas 246 pessoas são exemplos de superação e de sonho possível. E também porque é bom ver lutadores.
Bonus Track
A Grécia arrasou na cerimônia de abertura. Se ela falasse, diria: "- Eu tenho história, tá!"
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