quinta-feira, 21 de julho de 2005

Filho de peixe...

- Ai, pera... PERAÊ! Deixa eu tomar um golinho antes de ler. Sabe como é, né? É pra encarar!

Os últimos episódios da novela “Mensalão” - que, aqui entre nós, está fazendo o maior sucesso no Brasil pela trama envolvente, cheia de surpresas - vem revelando atores até então desconhecidos do grande público nacional, sem dúvida apaixonado pelo gênero. A novela tem conseguido não só prender a atenção, mas também aproximar gente do Oiapoque ao Chuí, da Avenida Paulista, em EssePê, à Sete de Setembro, em EsseEsseÁ. Inclusive, tem corrido a boca miúda que Gilberto Braga, autor de Vale Tudo, pensou um dia desses cortar os pulsos, tamanho o monstro de olhos verdes que invadiu seu corpo.

É a nova safra da política nacional. São personagens talentosos que fazem inveja aos principiantes de Malhação da Rede Globo. Tão jovens e já tão, tão, tão... não sei nem como dizer... convincentes quanto qualquer ancião ou cabeça-branca na dura arte de fazer política. Ainda mais se partirmos do princípio que políticos costumam agir de uma maneira no palco e de outra nos bastidores. A questão é que os velhos coronéis já não são mais aqueles.

"Esse lado aqui tá bom?", pergunta Rodriguinho Travesso
"Ai, ter que suportar esse mala é uó. Pelo amor de meu avó!", pensa Leite Ninho

Quem tem acompanhado a novela "Mensalão", já deve os ter visto. Estão lá: Na Folha de São Paulo, no Globo, na Veja, na Isto É, na TV Globo... Para onde quer que os fotógrafos ou cinegrafistas apontem suas câmeras, lá estão eles: gritando, denunciando, apontando o dedo, separando briga de Heloísa Helena... estão sempre na primeira fila da sala de aula ou passsando de um lado para o outro quando as TV´s estão ao vivo (brincadeirinha!!!) Já advinhou quem são? Rodriguinho Travesso Maia (PFL-RJ), filho do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia; e ACM Leite Ninho, neto de ACM, ex-painho da Bahia. As atuações são de tirar o fôlego.

Na semana passada, Rodriguinho, líder do PFL na Câmara, ganhou destaque no Jornal Nacional, ao divulgar uma lista com nomes de parentes, assessores e deputados do PT que estiveram no Brasília Shopping no mesmo dia em que foram registrados saques de pelo menos 100 mil reais nas contas das empresas do publicitário Marcos Valério. William Bonner passou sete minutos falando. Foi tiro para tudo quanto é lado. Eu não entendi nada. No dia seguinte, a lista se mostrou uma furada. E o JN fez o ar blasé costumeiro, aquele de quem diz que o problema não é dele. Ficou feio, muito feio.

- hehe! Quando é a hora do recreio, hein?

E o ACM Leite Ninho? Aos 24 anos foi o deputado federal mais votado na história da Bahia. Desde os 11 anos acompanhava o avó e o titio, o falecido Luís Eduardo Magalhães (fantasma que dá nome a oito de cada dez ruas de EsseEssÁ, nome a um município e ao aeroporto internacional, o ALEM)... enfim, acompanhava o avó e o titio a campanhas pelos grotões deste estado. Vendo-o pela televisão, cheio de pastas e incisivo, não há como não lembrar de ACM. E de ter medo de que ele, com a competência que lhe cabe e que nós não podemos negar, comande aquele chiqueiro chamado Congresso com tanto porco semi-analfabeto deslumbrado reunido.

Os outros são os outros e só

O que nós estamos vendo é que, apesar da seriedade da situação, os parlamentares se deixam fascinar pelos holofotes de uma CPI. São muitos os que querem pegar carona nesse bonde gratuito. Mas, como diz uma amiga minha: "Não sei de quem eu tenho mais pena: se do Brasil ou da humanidade".

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