sexta-feira, 15 de julho de 2005

Danielicius Comics presents: Mico Fernando

Ou: O mico está pegando

Quando eu era adolescente costumava passar minhas férias de meio de ano na casa de um primo meu chamado Maurício, sete anos mais velho do que eu. O garoto sempre tinha algum bicho dentro de casa. Além de ter sido uma das poucas pessoas a ter um sharpei em EsseEssÁ, era um expert em animais. Hoje é biólogo. Foi ele quem me explicou, mais recentemente, só para dar um exemplo, o que é que era aquela gosma que os cupins expeliam na batalha contra as formigas no filme Formiguinhaz (Antz). Sim, eu perguntei. Ou vocês acham que aquela cena em um filme infantil iria passar em nuvens eurodescendentes? Ou seja: ele é muito didático.

Maurício tinha um mico estrela, aquele cinza que tem uns tufos brancos na orelha. (Mico também é conhecido como sagüi, mas eu acho esse nome deplorável) Teve mais tarde um mico leão, mas foi logo obrigado por minha tia a “doar” o bichinho ao IBAMA. Eu, naturalmente, adorava brincar com o primeiro mico, chamado Fernando. Todo dia eu subia até o segundo andar da casa, que era aberto, e “brincava” com o animal. Ele ficava numa gaiola e eu fazia com ele coisas básicas do tipo: pegar no rabo, dar susto, comer banana na sua frente e não dar, etc. Muito divertido. Mas, um belo dia, fui lá eu todo animado dar bom dia ao macaquinho. Bem... a partir daí só me vem flashs na mente.

Me lembro que a gaiola estava aberta (soube depois que meu primo tinha colocado a comida e esqueceu de fechá-la). Também me lembro que o macaquinho pulou em cima de mim, meio nervoso, e que eu gritava. Eu gritava de cá e o mico de lá. E pulava em cima de mim. Eu o pegava e o jogava longe (no teto, na parede, nos móveis, etc), mas o bicho se revirava, caía sempre sobre as patas, voltava e me estapeava. Eu tentanto descer as escadas e ele em cima de mim. Não me lembro muito bem como eu e o mico Fernando nos separamos. Foi uma relação difícil. Lamentavelmente esta é uma lacuna na minha vida. Mas eu tive que dar um tempo na rua até que meu primo conseguiu acalmá-lo e colocá-lo novamente na gaiola. Fim. Moral da história: Hoje em dia eu só “brinco” com animais depois de ter certeza que eles estão bem trancados.

Mico Fernando

Pouca gente sabe, mas o brasileiro conta com um herói que age na surdina, sorrateiramente contra os corruptos e sonegadores de impostos, em favor da gente honesta, oprimida e mal-trapilha. Aliás, ele não age: inspira. A Poícia Federal brasileira é um de seus seguidores. Foi o Mico Fernando quem os inspirou a prender, por exemplo, Eliana Tranchesi, empresária da Daslu, e os irmãos Schincariol. O mico também está no pé do publicitário Marcos Valério e dos deputados acusados de receber mensalão. "O trabalho está duro", reclama ele. Tão falando tanto dele lá na França e o próprio ainda não teve tempo de dar um pulinho por lá. Todo aquele dinheiro gasto no tal ano do Brasil na França e todo mundo dizendo que está sendo um mico... uma pena mesmo.

Mico Fernando, num flagra, comendo banana: “Mi culo”, diz.

Mas, ao contrário da espetaculosa Polícia Federal brasileira, sabe-se que a única aparição do Mico Fernando na televisão foi na propaganda dos tubos Tigre, um bico feito para se manter. Porque, vamos combinar, ninguém é de ferro, muito menos o nosso herói. Mas aí você se pergunta: Por que Fernando fica nas sombras da mídia nacional? Bem... a resposta está no início. Reza a lenda que uma repórter lançadora de tendências da Folha de São Paulo, de prenome Erika, conseguiu uma exclusiva há muito tempo atrás com o nosso herói, responsável pela divulgação do "mico" que foi a construção da Casa da Dinda. Depois de muita negociação, deu-se, enfim, o encontro:
- Como devo te chamar. Qual é o seu nome?
- Mi nombre es Fernando, guapa.
- Ah, quer dizer que você não é brasileiro?
- Si, yo nascí en Anazonia. Tu sabes que Amazonia no es solamente o Brasil, pero tambien és o Equador, Peru, Colombia, Venezuela...
- Tá, tá, tá!
- Hablo español e...
- Tá, tá, tá! Foi difícil saber das irregularidade da constru...
- Te necessito, guapa.
- Como? Sim, é por isso que estou aqui, meu bem. Eu que...
- Te quiero.
- Hein!? Tá me tirando?
- Da me tu leche, mi vida.
- Ah, vá te catar. Além de estar decepcionada com este seu modelito chinfrim setentista, você ainda vem dar em cima de mim!
- Quieres casarte conmigo?
- Se manca, sagüi!.
Erica saiu batendo forte o pé, furiosa. Enquanto o Mico Fernando começa a cantar:
- "...Did I say something wrong? Oops, I didn't know I couldn't talk about sex...And I'm not sorry, It's human nature..."

E assim foi-se embora a primeira e única oportunidade do nosso herói ser apresentado nacionalmente. A notícia se espalhou pelo mundinho fashion feito rastilho de pólvora, mas ficou por aí mesmo. Até hoje quando algum desavisado pergunta para Erika sobre a história, ela nega e diz que foram os invejosos quem a inventou. Mas, no íntimo, em silêncio, diz para si mesma: - Aquele primata me paga! Depois, joga o cabelo para o lado e olha fixamente para o espelho, concentrada na sua imagem, sentido-se... muy guapa.

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