quinta-feira, 7 de outubro de 2004

O que rolar é bom

O clima romântico, de “namorandos”, tomará conta da Concha Acústica do Teatro Castro Alves neste sábado, 09. É que o alagoano Djavan Caetano Viana, de 55 anos, estará em EsseEsseÁ, apresentando o show “Vaidade”, baseado em seu último CD. Eu vou. Afinal, tenho que me retratar. Pelo menos, um pouco. Explico.

Embora reconhecesse a genuína elegância e aura de sofisticação em torno de Djavan, eu só o ouvia pontualmente. Achava um nhém, nhém, nhém fofo, mas sem fim. Não tinha paciência. Depois, quando, segundo meu primo, eu fui serenando, comecei a gostar mais.

Criador de melodias simples e marcantes e inventor de palavras e rimas inusitadas (com imagens pra lá de peculiares), Djavan compõe músicas que colam feito chiclete no ouvido. Além, é claro, de serem excelentes para situações do tipo “namorando”, um mela cueca básico, onde os corações ficam "amolecidos": tem coisa mais legal que ouvir “Outono” ou “Mal de mim” ou um sambinha do tipo “Flor de Liz”? Ai, ai... Agora, não toquem perto de mim “Oceano” ou “Meu bem querer”. É broxante. Odeio com todas as minhas forças.

Com 28 anos de carreira, Djavan já vendeu mais 8 milhões de discos. Mas, o engraçado é que o estilo do artista é extremamente copiado, principalmente pelos cantores de barzinhos. De acordo com uma reportagem da Veja de 19 de julho, baseada em dados da Ecad, órgão responsável pela arrecadação dos direitos autorais no país, Djavan foi o compositor mais executado em botecos e casas noturnas de música ao vivo nos últimos três anos. Deixa para trás figuras como Caetano Veloso e Chico Buarque. Ainda segundo a matéria, muitos dos que sobrevivem com a renda do couvert artístico não se limitam a interpretar as músicas de Djavan: clonam o ídolo por inteiro, dos cabelos cacheados à voz de falsete. Um deles já ficou famoso.

O CD Vaidade é o décimo sexto trabalho do cantor romântico, primeiro trabalho pela sua gravadora Luanda Records. O que vai ter no show? Sete ou oito músicas do disco novo e os hits básicos e indispensáveis. Espero sobreviver. Acompanhado.

PS.: Tem gente que está reclamando do preço do ingresso. Realmente, pagar cinquentinha para assistir show sentado em arquibancada de cimento da Concha ou em pé (porque sempre tem gente na sua frente disposta a impedir sua visão) é um roubo. Mas, como em EsseEsseÁ quase que não se tem notícia de alguém que não tenha meia-entrada, o show fecha por R$ 25. Mas a reclamação é justa. Afinal, algum cidadão honesto pode estar saindo perdendo.

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