terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Dia de festa no mar

O bairro do Rio Vermelho, em EsseEsseÁ, já está preparado para a tradicional Festa de Iemanjá, uma das mais bonitas do verão. Ela fecha o ciclo de festas populares da Bahia antes do Carnaval. Apesar de ser a maior manifestação religiosa pública do candomblé (não há parte católica, ao contrário de outras festas), com filhas e mães-de-santo espalhadas pela praia, o dia é um dos melhores momentos para se compreender Bahia e se estar baiano. No ano passado, cerca de 200 mil pessoas participaram dos festejos.

A partir de hoje, as oferendas, presentes e pedidos já começam a ser depositados por fiéis e admiradores na Casa de Iemanjá (Colônia dos pescadores Z-1). A festa, porém, só tem início às 2h da madrugada de amanhã, com a chegada do presente de Oxum ao Dique do Tororó. Como Oxum e Iemanjá são ligadas às águas, uma doce e outra salgada, e as energias são parecidas, segundo os adeptos do candomblé, ao se homenagear uma obrigatoriamente a outra tem que ser reverenciada. Por isso que, antes de se festejar uma, a outra tem que ser... digamos... paparicada.
- Sabe, eu adoro a festa de Iemanjá. Paulinha também adorava

Às 5h, o presente principal oferecido pelos pescadores chega à colônia, acompanhado por uma alvorada de fogos. A partir das 6h, fiéis, turistas, autoridades e adoradores voltam a colocar presentes nos 300 balaios. Lá pelas 16h30, cerca de 400 embarcações que fazem parte do cortejo deixam a praia do Rio Vermelho e seguem em direção ao alto mar. À noite, a festa religiosa se transforma em festa de largo, com barracas de comidas e bebidas típicas (bagaceira pura, diga-se). Os finos vão para as feijoadas oferecidas por famosos nas redondezas.

Os artistas são uma atração à parte no evento, principalmente Caetano Veloso, que aparece do nada na praia. Lembro-me de um ano em que ele chegou com “Paulinha” e “Paulinha” Burlamaqui, além de um séqüito. Tudo muito discreto como convém. Mas um turista desavisado foi tirar uma foto e Caetano parou. “Paulinha”, com uma mão na cintura e outra batendo na coxa disse: “- Vamos, Caetano!”. E ele foi. Hilário.

Polêmica
Como no Rrrrio, todo ano tem uma polêmica no carnaval baiano. Ontem, o cantor da banda Jammil e Uma Noites, Tuca Fernandes, foi indiciado por apologia às drogas. Ele foi acusado de propagandear o uso do lança-perfume (prática proibida por lei), através da canção Lança lança. Simplesmente, quem cantá-la será autuado em flagrante, sem direito a pagar fiança. O caso ainda vai ser julgado pelo Ministério Público, mas, de qualquer maneira, o cantor, bem humorado, se apresentou ontem mesmo para as câmeras, ops!, para o delegado. Bem, desde que eu me lembre, as músicas de carnaval nunca foram ingênuas e não são poucas as canções que fazem apologia às drogas, ao sexo ou à violência. Das duas uma: ou esse país não tem lei séria ou nossas autoridades gostam é mesmo de um circo.

- Aê, desculpaê seu delegado. Foi mal, heim! (hehe)

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