segunda-feira, 27 de junho de 2005

Anarriê

Um baiano, um coco
Dois baianos, dois coco
Três baianos, uma cocada
Quatro baianos, uma baianada*


Enfim... o feriadão de Sãojão terminou. Foram quatro dias de (muita) chuva e frio (temperatura entre 20 e 22 graus, um absurdo de bater os dentes!) na capital da Bahia, que ficou às moscas. Praticamente todo mundo se mudou para o interior do estado com a intenção de morrer de frio por lá mesmo, o que foi ótimo. A galera, além de enfrentar engarrafamentos na quinta-feira, com destaque para a BR 324, teve que se desviar não só de fogueiras, mas da buraqueira que se transformou as estradas federais e estaduais que cortam o estado. Os mais corajosos atravessaram de ferry (todos com problemas) a Baía de Todos os Santos em direção a Ilha de Itaparica. Mas tudo vale a pena por um rala coxa ou um mela cueca, não é verdade?

Bem... Quem ficou em EsseEsseÁ teve que fazer programa de crioulo doido deprimido: ir para o Pelourinho. For example: eu. Mas não fui só. Armei uma galera afinadíssima com a época: administrador, ator, jornalista, químico, economista, garçom e professora de geografia. Apesar de protestos, os convenci, simplesmente porque acho indigno um nordestino não comemorar São João, basicamente "pra mó di se casar". Meu principal argumento: povo, espécime que adoramos. Não por muito tempo, é claro. Realizado há seis anos, o projeto "São João é no Pelô" transforma o Centro Histórico de EsseEsseÁ em uma cidade de interior, com vários eventos gratuitos nas ruas e praças do local.

Resumindo a história: Quando chegamos, ainda com chuva fina e ao som de fogos de artifício, ouvimos um grupo tocando samba de roda e arrastando um bando de gente atrás. Não sei se tem alguma coisa a ver, mas tudo é possível em EsseEsseÁ, mais especificamente no Pelourinho. Muito esfrega-esfrega, risos, deboche, furto... ou seja: o básico, coisas da terra. E a chuva miúda caindo, o que gerou uma das cenas mais cômicas que eu já vi na vida: um grupo de garotas com bota à la América e saia "abajur de xereca" dançando com saco de supermercado na cabeça para não molhar o cabelo. Tudo.

Ao contrário dos freqüentadores de pagode, que parecem ser o mesmo homem e a mesma mulher multiplicados, no São João do Pelô a impressão que eu tive foi que as mulheres (derrubadas) de Barretos estavam fazendo escala por ali. Os homens, sem comentários: a maioria usando pólo ou camisa quadriculada por dentro de calção de surfista e tênis “ dimarca”. Tinha gente bonita? Sempre tem. Mas que dava trabalho encontrar, isso dava.

Sem estímulos, o grupo começou a ficar meio disperso, olhando muito para os lados como se estivesse com medo de ser flagrado em falta. Depois de uma hora (um tempo épico!) no Pelourinho, resolvemos invadir a casa de alguém e tomar licor e beber, beber e beber para no outro dia, ainda em ressaca, bater com a cara na porta fechada de cinema, restaurante e qualquer outra coisa interessante que, a priori, faz com que uma cidade seja chamada de metrópole. Definitivamente, EsseEsseÁ não é digna desse nome. Quase ninguém na rua. Morremos numa pizzaria à rodízio em pleno feriado de São João. E aí, você curtiu o Sãojão?

* Nadavê com a interpretação paulista de baianada.

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