sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Mais um círculo em volta do sol

Ou: O tempo não pára. Não pára, não. Não Pára! Mas que ele se repete, ah... se repete.

Último mês do ano, Dezembro é, na verdade, um espaço de tempo em estado de suspensão. Ao contrário de Janeiro - que lembra Verão, férias, farra - Dezembro é só preparação: para o amigo-secreto, para o Natal, para o Ano Novo, para o Carnaval, para o IPVA/IPTU. Ou seja: É um mês que não existe para si. Tirando, para não ser cruel, as pessoas que nasceram neste período, Dezembro serve unicamente para realização dos balanços, principalmente do trinômio Dinheiro-Saúde-Amor. Um mês de alegria para alguns, tristeza para outros e de alívio para um montão de gente. “Graças a Deus, está acabando!”, dizem.

É o mês da Família (com F maiúsculo), da promessa, das compras, das lágrimas, da solidão, do suicídio, do dejà vu, do “próximo ano, eu...”, de Roberto Carlos, da Retrospectiva, das videntes e pais e mães de santo na TV, dos filmes de Papai Noel, dos pinheiros com neve nas casas brasileiras, do Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, da Missa do Galo, do “dessa vez, vai!”, da esperança, da lista “Os 10 melhores do ano” e “Os 10 piores do ano”, do peru.

O tempo tá correndo, minha gente. 2005 já é amanhã!

São dias em que muita gente avalia o quanto ganhou, quanto perdeu, faz planos para uma vida melhor, toma decisões sobre o ano que vem, rabisca objetivos, cria metas e compromissos. É verdade que algumas só pensam. Afinal, para elas, isso basta. E guardam sinceramente consigo suas decisões. (Digo sinceramente porque acredito nos momentos de reflexão das pessoas. Além do mais, muita gente neste Brasil não sabe escrever, muito menos sabe fazer planos. Convenhamos: não é só a classe média assalariada que tem esperança, não é verdade?) E já que estamos falando sobre Dezembro, não seria justo se não mencionássemos a palavra inclusão. O derradeiro mês do calendário Gregoriano também lembra solidariedade e perdão. Aliás, um detalhe crucial e um toque: Quem não é perdoado em Dezembro...hummm... Lamento, mas tá em maus lençóis.

Por fim, o mais importante: Dezembro é mês das professias e simpatias. (Olha, vou reconhecer: É um mês em suspensão, mas agitado. Acho que é por isso que as pessoas ficam com os nervos à flor da pele, despertencidas.) Enfim... Como disse, é um mês em que é possível encontrar tanto nas revistas bagaceiras de fofoca como em prestigiados cadernos econômicos previsões boas e ruins (catastróficas!) para o ano que está vindo aí: mês a mês, se possível. Agora, não há nada mais cara de Dezembro que os rituais do Reveillon, quando as pessoas suplicam pedidos, pulam sete ondas, comem doze uvas e fazem qualquer-outra-coisa-que-alguém-ensinar.

Bônus Track:
Aí, com os fogos, chega Janeiro. O mês que já entra bombando. Afinal, no Verão, em férias e com farra pra tudo quanto é lado, ninguém quer mais saber de previsão nem simpatia. Quer é “acontecer”. No fim das contas, o ano mesmo só começa depois do Carnaval, principalmente na Bahia. Inclusive, já ouço muita gente reclamando que o Carnaval em 2005 será muito cedo, 03 de fevereiro. Ou seja: daqui a exatos dois meses. “Ahhh...Três de fevereiro é sem graça. Daqui pra Carnaval é um tapa. Não dá tempo pra nada”. Resultado: Pra que serve Dezembro? Pra deixar o povo angustiado.

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