segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Reflexão # 10 ou L´amant

(...) Sem saber ele sabe exatamente o que deve ser feito, o que deve ser dito. Ele me chama de puta, de nojenta, diz que sou seu único amor, e é isso que deve dizer e é isso o que se diz quando não se controlam as palavras, quando se deixa que o corpo faça, que procure e encontre e possua o que deseja, e então tudo é bom, não há sujeira, a sujeira está encoberta, tudo é levado pela torrente, pela força do desejo.
Os Amantes, de Marguerite Duras.

O irracional desejo

Um comentariozinho rápido:
Estou lendo este livro. É intensamente lírico, erótico. Em 1998 ou 99, não me lembro exatamente, vi o filme homônimo do diretor francês Jean-Jacques Annaud baseado no livro, com minha amiga Margott. Ela tinha comprado um vídeo-cassete e alugamos o filme numa tarde ensolarada de sábado. Não foi a melhor opção para uma tarde de sábado. No entanto, até hoje não esqueço daquele dia. "O Amante" conta a descoberta do amor e do sexo por uma adolescente, filha de uma família de colonos falidos na Indochina francesa, nos anos 30. O amor proibido da menina branca, sua entrega a um jovem chinês rico, dez anos mais velho do que ela, é também uma forma dela de escapar à claustrofobia e à derrocada da família, o seu "envelhecimento" precoce, a descoberta da sua solidão. Duras, em seu livro, mostra com classe e sensibilidade o despertar da sexualidade feminina. E Annaud captura e revela esse delicado momento com maestria. Mas o filme é extremamente corrosivo. Não recomendo para os corações mais apaixonados, porque o filme e o livro o espreme como a uma esponja. Também nem preciso dizer o estado em que ficamos após a sessão. Fomos escutar Madonna.

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