sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Nas ondas do sucesso

Ou: Depois de cheirar muito saco fedido, Bruna Surfistinha, agora celebridade, dá dicas às mulheres de como conquistar um homem e nunca perdê-lo para uma garota de programa. É gente que faz.

Vocês provavelmente já ouviram falar de Bruna Surfistinha, não foi? Vamos combinar: nessa altura do campeonato, acho muito difícil que não. Sim, caros, estou me referindo à ex-prostituta que ganhou, nos últimos meses, destaque em praticamente todos os veículos de comunicação do país. Pois é... Bruna, ou melhor, Raquel Pacheco é um fenômeno. Saiu do limbo social para as capas de revistas e jornais prestigiados do país e exterior, além de ser atração garantida em programas de auditório como "Superpop" (Luciana Gimenez) e "Boa Noite, Brasil" (Gilberto Barros). Já foi entrevistada por Jô Soares e, em um dos programas do Casseta & Planeta, ganhou uma personagem: Bruna Chupetinha. Tem fãs e admiradores. No orkut, são mais de 65 comunidades dedicadas a ela.

Livro de Surfistinha já é best seller

Aí, você se pergunta: o que Raquel fez para se tornar famosa aos 21 anos? Garota de programa desde que fugiu com 17 anos da casa dos pais, em Sorocaba, para a capital São Paulo, Raquel, antenada que só (como todos nós, não é verdade?), criou um blog, O Diário de Bruna Surfistinha, e nele passou a contar as aventuras sexuais e os desprazeres da profissão. Coisas do tipo “Longe dos meus pais, com homens estranhos na cama, tive que cheirar sacos fedidos, (sic) ainda tive que enfrentar invejosos de plantão, assim como, a hipocrisia e o preconceito na sociedade”, ou então, “eu estava fazendo oral em um cliente, lembro que ele estava demorando para gozar... Até que, um segundo antes dele gozar, ele soltou um pum! (sic)”.

Foi um sucesso. Uma multidão curiosa passou a freqüentar a página da garota, que chegava a receber até 15 mil visitas diárias. No ano passado, lançou “O Doce Veneno do Escorpião – O diário de uma garota de programa". O livro já está na lista dos mais vendidos do país e é um dos maiores êxitos literários da temporada. Além de descrever os programas que teve com homens, mulheres e casais em seu flat, Bruna também dá pequenas lições para uma mulher de como conquistar o homem - e jamais perdê-lo para uma garota de programa.

Celebridade, Raquel dá entrevistas em rádio, TV e jornais

Com o sucesso, parou de fazer programa. Foram “três anos e oito dias de putaria”, como ela mesma diz, com cerca de 1.200 homens. Ela chegava a fazer seis por dia.“O dinheiro nunca foi fácil, foi apenas rápido. Nunca tive vergonha, assumi de cara limpa. Reafirmo que nunca ninguém pagou as minhas contas, o corpo é meu e a vida é minha. Ter vergonha do quê então??? Nunca me senti como uma prostituta, quem me conheceu sabe o que estou querendo dizer. Digo que fui uma namoradinha de aluguel. Rsrs”, diz no post em que conta seu último programa.

Nesta semana, Raquel estampou a capa da revista Época, que fez uma reportagem sobre patricinhas que apostam na carreira de prostituta, não pela necessidade da sobrevivência, mas para consumir grifes e circular pelo mundo do glamour. Em determinado trecho, a revista diz que o percurso da "carreira" de Bruna segue uma tendência mundial. Depois, coloca o depoimento de uma psicanalista que declara: “Escolher a prostituição é como escolher outra profissão qualquer”. É? Choque!

Em uma sociedade que valoriza o material, nada mais natural que as pessoas queiram conquistar e exibir determinados bens da maneira mais rápida. E a prostituição é uma dessas vias. A Época mostra que uma prostituta de luxo pode ganhar em um ano um salário mensal de R$ 20 mil, rendimento que uma executiva vai conquistar após 15 ou 20 anos de carreira. Não é tentador?

Pois é, vejo aí uma glamurização da prostituição. Mas não chego a dizer que isso é uma banalização e inversão de valores. Ainda acho que cada um faz o que quiser com o seu corpo (ou de sua alma). É um problema pessoal. Agora, por mais que Surfistinha conte os maus bocados que passou, muita gente vai querer entrar para o ramo achando que poderá sair ileso do negócio, o que não é bem assim. Para ser prostituta, ainda mais de luxo, tem de se ter muita vocação, sangue frio, auto-controle, profissionalismo e saber administrar o dinheiro. Senão, tudo descamba e acaba em decadência. Para a Época, são tudo flores.

Em 2004, escrevi três posts chamdados Abale-se! (o primeiro do dia 09 de junho), em que descrevia a oferta de encontros pessoais em EsseEsseÁ com base nos anúncios classificados. Se não serviu para nada, o resultado ficou engraçado. Não pela profissão (O preço de uma "companhia" variava dos R$ 10,00 aos R$ 250,00), mas pela criatividade do povo. É lá que você encontra gente como Sereia de Maceió, Pretinha e Amanda Lee. Esse nomes não têm preço!

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