sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Os bicões

Já está em fase de conclusão a mega-estrutura do carnaval de EsseEsseÁ, maior festa de rua do mundo. Os circuitos onde a folia acontece já estão ficando com cara de “palco”, com camarotes por tudo quanto é lado. Por falar nisso, os camarotes se tornaram, sem dúvida, a menina dos olhos dos poderosos empresários da folia. O de Daniela Mercury, mais tradicional, é sem dúvida um dos mais disputados. Comida, bebida e mídia de graça. Mas só entra quem tem convitão. Outro é o Expresso 2222, que já foi comandado pelo ministro Gilberto Gil, entre outros.

Por causa da predominância dos camarotes e importância adquirida por eles nos últimos anos pela presença de artistas e VIPS, tem muita gente que está ficando furiosa com certas restrições. Entre elas, estão os jornalistas. Os avisos de credenciamento de profissionais para a cobertura do Carnaval em camarotes vêm acompanhados de observações, no mínimo, indelicadas, do tipo: “O credenciamento não dá direito à permanência por todo o tempo” e estabelecendo o período que o profissional deve ficar no local. Em síntese, dizem que o repórter e o fotógrafo devem chegar, fotografar e sair. Caso contrário, serão convidados a fazê-lo, pois algum segurança chegará avisando que “acabou o seu tempo”.

Recentemente, no ensaio do Araketu, um dos mais badalados da cidade, uma repórter do jornal A TARDE, o maior e o mais importante do Estado, foi “convidada” a se retirar do camarote, uma vez que Ivete Sangalo não queria ser “incomodada” por “ninguém”. No entanto, ficaram lá "incomodando" Ivete uma repórter da VEJA e uma equipe de televisão.

Com essas atitudes, os produtores e empresários de artistas estão encarando os profissionais como bicões, que querem a todo custo permanecer em algum camarote venerando (!?) fulano ou cicrano, ou comendo e bebendo de graça. Ou então, vêem os jornalistas como entregador de pizza, que chegam, entregam o produto, recebem uma gorjeta e saem.

A atitude é, no mínimo, contraditória e indelicada, uma vez que o sucesso de todos esses empreendimentos está baseado na divulgação pela mídia. Não é por acaso que as “estrelas” globais pipocam como gremlins em EsseEsseÁ no período do carnaval. Aliás, já está ficando mais que nonsense essa história de artista tratar jornalista como um "intruso". Pode?

Bonus Track:
Celebridade que se preze, estando na “terra da felicidade”, dirá invariavelmente (não nessa ordem): “eu adoro a Bahia” (muito louco), “eu amo de paixão os baianos” (bêbado), “essa terra é mágica” (chapado), “essa terra tem uma energia muito boa” (bêbado), “sempre que posso dou um pulinho aqui” (chapado), “com certeza, estou adorando o carnaval” (fazendo coreografia e bêbado), "hein?! não estou te ouvindooooo" (bêbado)etc.

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