terça-feira, 18 de janeiro de 2005

EsseEsseÁ em chamas

É... Não tem jeito. Chega o Verão e com ele vem, inevitavelmente, a necessidade de se largar para novas (ou outras) relações. Fortuitas, diga-se. O que cá pra nós não é por acaso: nesta época as pessoas estão mais dispostas e, por que não? mais disponíveis ao encontro. Ficam em permanente estado de alerta, rendidas ao desejo. No Verão, tudo se erotiza (ou é erotizado) e, a cada esquina, o mais simples olhar torna-se lascivo, e cada gesto parece ser elaborado num único propósito: o de atrair o outro.

As ruas de EsseEsseÁ, por exemplo, só para ficar em casa, ganham uma sensualidade forte e avassaladora. Sei, sei... o ano todo é assim, mas a questão é que no verão isso é maximizado. Janeiro é o mês dessa cidade e, pelo menos até o Carnaval, a capital da Bahia é um palco ideal para se amar em série: muitos turistas, belas praias, festas (muitas festas), além, é claro, de se freqüentar diversos pontos de encontro que favorecem a proximidade das pessoas, o que é crucial para casos e mais casos.
- Benzinho, vou ali pegar uma latinha de cerveja, tá?

Agora, o que é de se esperar é que o resultado dessa exposição seja a urgência do encontro efêmero. “Quero você agora”, é o que se ouve numa festa, na praia, num barzinho... No entanto, é preciso estar consciente que o dia seguinte provavelmente não existirá. E o próximo encontro será uma incógnita. Não é besteira! Ninguém cujo cérebro ainda não tenha sido carbonizado pelo sol tem a certeza de que o “eu adoro você” ou “estou apaixonado por você” (e variáveis) ditos no calor do verão são tão palpáveis quanto o “me liga amanhã!”. A lembrança do rosto ou nome da amada (o) é, ha!, uma tarefa digna de Hércules. Tudo, é claro, se o desejo tiver sido saciado.

Pois bem, se algum desavisado quiser sobreviver no verão soteropolitano, uma dica: depois de ter... digamos... se “relacionado” num desses eventos lúdicos típicos da terrinha, nunca faça a linha egípcia, aquela em que você olha pra frente e não vê quem está do lado, seguindo sempre em frente, numa típica pintura bidimensional. Sem querer, acabou de arranjar um inimigo.

Saiba: aqui deve-se saber dar o fora, com classe, se não quiser ter o filme queimado durante todo resto do ano ou toda a vida. E não caia nunca, mas nunca mesmo, na armadilha de dizer “você é o amor da minha vida”. Por quê? Porque EsseEsseÁ é uma praça. A probabilidade de você se bater novamente com a pessoa em qualquer lugar da cidade (barzinho, ensaio de bloco, praia, festival, etc...) é muito, muito grande, até mesmo no Carnaval, onde circulam pelas ruas mais de um milhão de pessoas. Acredite em mim. É impressionante!

Agora vem o pior: caso você não se bata com a pessoa, “alguém” sempre vai te ver em algum lugar. Esse é o mais comum. Alguns chegam, inclusive, a imaginar a sua presença e seu envolvimento com outras pessoas mesmo você não estando lá. Não importa. É verão e tudo é possível.

E, por falar nas intrigas, as pessoas casadas ou que estão namorando levam consigo agora em janeiro um grande problema para resolver, ou, por que não dizer, o primeiro grande obstáculo da relação: como deixar a cara-metade ir comprar qualquer coisa ali na esquina sozinha. Todo mundo sabe que, ao contrário de Brasília, EsseEsseÁ é cheia de esquinas e cheia de gente truqueira que gosta de ir fazer compras no meio da multidão. Por isso não se espante se todo mundo disser que está solteiro e apaixonado. É quase verdade.

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