segunda-feira, 19 de março de 2007

O gato comeu!

Ou: O gato sumiu!

Bem, já faz tempo que não escrevo nada neste blog. Muito disso deve-se, basicamente, a outras coisas que tenho para fazer. Além de preguiça, é claro. Antes, sentia-me culpado. Hoje, não mais. Apesar disso, 2007 está aí e este país e esta city continuam os mesmos. Infelizmente. Dizem que o ano começa depois do carnaval no Brasil. Como bom soteropolitano, então dei-me estas férias. Então, tá!

Digo, ali, logo ao lado, que para qualquer absurdo há sempre um precedente na Bahia. Claro que não tenho a mínima intenção de estereotipar o estado onde nasci. Isso é coisa de estrangeiro (leia-se não baiano), principalmente paulista. Apesar disso, é, no mínimo, interessante, senão intrigante, como as coisas se desenrrolam por aqui.

Semana passada, um avião que transportava mais de R$ 5 milhões de um banco da cidade de Petrolina (PE) para EsseEsseÁ caiu no município de São Sebastião do Passé, localizado na região metropolitana deste estado. Quatro pessoas morreram com a queda do teco-teco e o dinheiro deu um pinote, ou seja, sumiu. Nunca os passeenses viram tanto dinheiro caindo do céu. Foi uma loucura: um corre-corre, um vuco-vuco para salvar araras, micos-leões-dourados, onças-pintadas e, principalmente, os peixinhos que ilustram a raramente vista, pelo menos por mim, nota de R$ 100,00.

Bem, o causal acidente foi o início para que a vida do pacato, quase esquecido no mapa, distrito de Maracangalha fosse transformada em um verdadeiro inferno. Depois das cenas inusitadas dibulgadas pela televisão de pessoas entregando para a polícia, espontaneamente, o dinheiro que "pegou" no local do acidente - mil reais aqui, 50 mil reais ali - , seja enterrados na horta seja lá onde for, a situação mudou. Como a polícia só conseguiu recuperar pouco mais de R$ 500 mil, falta saber onde está o restante: R$ 4,5 milhões. E, pelo que está acontecendo na localidade, os policiais não estão a fim de ouvir "o gato comeu, o gato comeu" nem "o gato fugiu, o gato fugiu".

Não vou pra Maracangalha, não vou

A preparada polícia baiana, para não dizer o contrário, no afã de recuperar a grana está fazendo e acontecendo. Pior, homem armados estão na cidade (não se sabe se é policial ou não) e, na calada da noite, arrombam casas, estraçalham sofás, quebram móveis e eletrodomésticos, sequestam e espancam pessoas. Até se provar o contrário, todo mundo é ladrão. Qualquer movimento é suspeito. Qualquer dinheiro é confiscado. E as pessoas, pobres e, portanto, desprotegidas, estão à própria sorte. A cúpula da polícia baiana já admite a possibilidade de policiais estarem efetuando operações ilegais, como disse a edição do jornal A TARDE de sábado.

Acredito que as pessoas são capazes de imaginar o que está acontecendo em Maracangalha. Mas o inadmissível é o Estado permitir que este tipo de ação seja realizada: cidadãos sendo tratados como cães-sem-dono. Seria, no mínimo, uma atitude esperada de um governo democrático: "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante". Triste Bahia.

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