segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Hora do recreio

Rolling Stones na praia de Copacabana no Rrrrio: R$ 0,00. U2 em EssePê: R$ 200,00. Chiclete com Banana em EsseEsseÁ, R$ 3.250,00. Perder a noção da realidade e comprar ingresso na mão de cambista: não tem preço.

U2 em EssePê. Uma vez na vida...

Não foi só do caos na venda dos ingressos do show do U2 no Brasil que os fãs da banda reclamaram na semana passada. Muita gente achou o preço das entradas para conferir a turnê “Vertigo” no Morumbi um pouco salgado. Afinal, não é só paulista que vai ver o espetáculo, não é verdade? Mas, nem se fosse! O mais barato – o pistão - ficou na faixa dos R$ 200,00. Quem teve o intere$$e de pagar por um ingresso que promete a possibilidade de ver o show em um lugar mais confortável (!?) pagou uns R$ 380,00. No entanto, apesar das milhares de pessoas que não conseguiram comprar o ingresso nem pessoalmente nem por internet para o dia 20 de fevereiro ainda terem a esperança de conseguir “unzinho” para o dia 21, já tem cambista vendendo a entrada do show por R$ 600,00, com viés de alta. A abertura do espetáculo ficará por conta da banda Franz Ferdinand. Quem for poderá ver aqui algumas dicas para não pagar micos.

Rolling Stones nas areias de Copa. Provavelmente, a última

Bem... pelo menos desse problema não sofrerão os cariocas. No dia 18 de fevereiro, as areias de Copacabana servirão de palco para o mega-hiper-ultra espetáculo dos tios do Rolling Stones. Se será bom, eu não sei. Mas é de “graça”, o que já vale o esforço de passar alguns dias retirando areia de partes obscuras do corpo. Dizem por aí que Madonna também virá. A expectativa é grande.

E EsseEsseÁ, coitada? Depois do show do Menudo na década de 80, nenhuma grande atração internacional dá as caras na boa terra, terceira maior cidade brasileira, diga-se. Corre à boca miúda que, quando Ivete Sangalo e Cia. inaugurarem a casa de espetáculos no Shopping Iguatemi, Lenny Kravitz virá. Não é muito, mas já é alguma coisa. Vamos aguardar. Sempre digo que baiano também é brasileiro e não desiste nunca. E, nesse meio tempo, ele dá um jeito. Pois bem... Se o ditado diz que se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé, o que é que a Bahia fez? Criou os seus próprios Maomés.

E o caro recreio baiano. Com viés de alta!

Pois é. A indústria do entretenimento que virou o verão baiano na década de 90 faz com que, hoje, a apreciação das atrações locais, consideradas por alguns tosca e de péssima qualidade, custe mais caro do que um show do U2. Vale a pena? Bem... quem vem para o carnaval diz que sim. Principalmente com as facilidades do parcelamento do cartão de crédito.

Se é verdade que os blocos e camarotes tornaram-se lucrativos empreendimentos, historicamente a “atração” mais cara e disputada do carnaval baiano é, sem dúvida, o Chiclete com Banana. Eles não saem na mídia, se não me engano o finado Waly Salomão disse que valia menos que uma formiga numa poça d´água, mas lotam há anos não só os blocos Nana Banana (quinta a sábado), Camaleão (domingo a terça) e o Voa-Voa (madrugada de quarta)em EsseEsseÁ como blocos espalhados por todo o Brasil. Claro que a maior parte dos integrantes do bloco é de turista. A febre pela banda nesse período é tão grande que o valor da fantasia do tradicional Camaleão pode chegar a R$ 1 mil um único dia! Quem quiser os três, pagará R$ 3.250,00. Com viés de alta, naturalmente.

Correndo por fora: Fatboy Slim e Franz Ferdinand

Para brincar no carnaval dentro das cordas, o folião tem que desembolsar no mínimo R$ 180,00. Como não é possível a compra de apenas um dia, a pessoa tem que fazer o pacote de três. Um dia com Daniela Mercury sai a R$ 230,00. Com Timbalada, R$ 300. Os abadás para ver Claudinha, do Babado Novo, estão quase esgotados. Resta apenas a terça-feira por R$ 350,00. E o negócio é correr, pois o tempo está passado. Os preços "oficiais" podem ser vistos aqui. Além disso, comprar abadá para revender é considerado um poderoso investimento. A dica é fazê-lo na semana do carnaval. Como a adrenalina sobe para a cabeça do folião/turista contagiado pelo clima da cidade, a pessoa não pensa duas vezes em pagar qualquer preço por uma fantasia. O ganho pode ser de 100%. Agora me diga: qual foi o rendimento da poupança?

Por outro lado, quem não tem condições de pagar por uma fantasia (ou acha absurdo/extorsão fazê-lo)pode ver seu artista no carnaval da Bahia, ao contrário do show no Morumbi. É só se juntar a turma fofa da pipoca. Muita diversão.

Maomé adaptado
Uma das mais aguardadas apresentações do carnaval deste ano pelos modernos será a do DJ britânico Fatboy Slim, que tocará no circuito Barra-Ondina em cima de um trio elétrico. (Além de criar Maomés, os que vêm para cá têm que se adaptar a cultura local). Está saindo por R$ 180,00. Mas, como eu disse, tem que comprar conjugado com outra coisa. Ou então esperar pelos cambistas.

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