quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Cartilha política - Parte I

Ou: como vencer uma eleição

Bem... já que estamos em época de campanha política, nada mais natural que o tema tome conta de nossa vidinha. A partir de hoje, publicaremos aqui uma cartilha com alguns pontos básicos que devem ser seguidos à risca pelos candidatos que quiserem chegar lá, lá no poder, onde o "venha a nós" é seguido com aplicação, o dinheiro público entra fácil no seu bolso, todo mundo passa a te respeitar e a lhe chamar de doutor e o que é melhor: você tem imunidade para tudo que fizer. Tudo, inclusive, roubar, matar e extorquir.

Antes de iniciar a primeira parte da cartilha, é preciso que fique claro que você, candidato, deve ser possuidor de duas características essenciais: carisma e cara de pau. Caso contrário, nem se dê ao trabalho de continuar. Com relação ao primeiro, todos os grandes personagens (políticos ou não) da história são possuidores desse dom, que os eleva acima da multidão e a carrega consigo: Jesus, Buda, princesa Diana, Madonna, Hitler, John Kennedy, Mikey Mouse, Getúlio Vargas, Júlio César, etc. Ou seja, chame atenção de alguma forma: pela sua aparência, chame, voz, história ou dinheiro. Não importa, seja carismático!!! Anotou aí? Então, vamos em frente.

A outra característica, não menos nobre, é a cara de paulismo. Se você quer ser político, provavelmente, já sabe o que isso significa. Mas, como isso aqui é uma cartilha, vou tentar explicar. Todos nós precisamos de uma boa dose de cara de pau em nosso dia a dia. Exemplo: uma moçoila em qualquer rua de EsseEsseÁ está desesperada para ir em um banheiro. Óbvio que não encontra nenhum. Afinal, ela está em EsseEsseÁ. Mas, como Deus opera na vida dela, a menina encontra o de um barzinho, embora queira consumir nada que justifique o uso. Aliás, só quer "consumir" o banheiro. O que ela faz? Usa de todo o charme e pede para utilizá-lo. Responda: o que é isso? Cara de paulismo. Entendeu? Faz parte da vida. Pois bem, todo político é obrigado a abraçar quem não gosta, tirar foto com inimigo de infância e conviver com exemplares personalizados do capeta. OK? Então, vamos às regras.

Regra número 01: Anuncie obras

Como foi dito no post anterior, assim como o metrô de EsseEsseÁ, milhares de obras que estavam paradas há seculos por falta de verba, misteriosamente voltaram a funcionar à pleno vapor em todo o país nesta época. Se você era governo e agora está tentando a reeleição, diga que elas já estavam previstas no orçamento e não têm nada a ver com sua campanha. Faça como Lula. Em 03 de fevereiro, disse: "Não me sinto em campanha. Os que falam isso, na verdade, gostariam que eu não inaugurasse as obras que eu comecei a fazer. Eu sou presidente da República até dia 31 de dezembro de 2006".

- Muita calma nessa hora

Agora, se você não era governo e está correndo por fora, grite. Não admita isso, esperneie, diga que é palanque, que vai entrar com um processo no Tribunal Superior Eleitoral e que o opontente "está fazendo campanha, sim!". A fala tem que ter a garra de uma Heloísa Helena. Quem não chora, não mama. Ah, e se o outro respirar, denuncie.

Regra número 02: Regionalize-se

Essa é uma das regras que pode tanto divertida quanto constrangedora. Mas, não importe-se com isso: você é candidato. O que eu quero dizer: coma buchada de bode no sertão de Cariri, acarajé na Bahia, ande de jegue em Alagoas, beba chimarrão quando for ao Rio Grande do Sul, assista maracatu no Recife, escola de samba no Rio, experimente chope e vista um chapéu típico alemão em Blumenau, seja lá o que for, faça de tudo para impressionar os eleitores locais.

- Huuummmmmm!!!!

Em breve, mais regrinhas. Agora, corra, filho do capeta, corra, porque o tempo é curto!

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