sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

Ano novo, vida nova?

Ou: Marquei um almoço com meu fantasma de 2005. Para exorcizá-lo, evidentemente.

Definitivamente, é o que todos desejamos. Começar um novo ano com a esperança de que os nossos problemas (amorosos, familiares, financeiros, etc) sejam resolvidos. Todo fim de ano é a mesma coisa. Não é por acaso que todo mundo - todo mundo mesmo! - apela para alguma superstição: pular onda, comer lentilha, usar roupa branca, jogar semente de uva no telhado de casa, acender vela, ad infinitum. Pior - e esse é um dos motivos que mais me faz acreditar que os humanos são loucos - pensamos que alguma coisa vai acontecer na passagem de 31 para o dia primeiro. Nossos nervos ficam na expectativa de que algo realmente aconteça, como um passe de mágica: um novo amor (rico de preferência!), uma proposta maravilhosa de trabalho (com salário polpudo, claro!) e uma mudança para o exterior (Paris ou Ibiza, porque ninguém sonha com pouco, né?). Você sonha, porque você merece ter uma droga de vida melhor, mesmo já tendo conquistado tudo o que a sua idade, escolaridade, ascendência e experiência lhes permite.

Li um texto no blog Sopinha de Letras do dia 02 que me fez pensar nessa nossa crença de que tudo vai mudar como um passe de mágica. No final do texto Jorge diz algo do tipo: "Afinal de contas, penso que o feliz ano novo depende muito mais daquilo com que se aprendeu com os obstáculos do passado do que das lembranças do que já foi bom".

Eu, como uma pessoa aparentemente normal, aprendi muitas coisas em 2005 e tento encontrar sempre novas maneiras de superar meus obstáculos. Isso é sério. Depois de passar um dos melhores reveillons de minha existência de vinte e poucos e alguns anos (sim, foi muito chique!), no dia primeiro fui a um show em que metade de meu passado amoroso estava presente. Ou seja: 2006 já começou em balanço. (hahaha!) Encontrei, inclusive, o meu mais denso "problema" de 2005, se é que vocês me entendem. Pois bem, chegui aonde eu queria.

O que eu e meu problema fizemos? Marcamos um almoço. Olha que evolução! Achei aquilo tudo muito maduro e, é claro, daria um bom post do tipo "otimista", "a vida é bela"... essas coisas que todo mundo se emociona. Um caso a ser contado para amigos nos botecos da vida, uma dica para superar seus obstáculos ou exorcizar seus fantasmas. Dá no mesmo: "Em 2006, marque um almoço com seu fantasma de 2005". Bom slogan.

Então... ontem, quinta-feira, fui ao tal almoço. Abre aspas. Adoro as pessoas que sabem cozinhar bem. E venero quem cozinha pra mim, especificamente. Adicione ao script um vinho branco. Fudeu. Fecha aspas. Foi ótimo. No entanto, hoje, sei lá, eu acordei meio desanimado: não fui para academia, não fui à praia (estou de férias), não estou com vontade de sair e acho que estou com febre. Espero que tenha sido alguma insolação (faça-me o favor, né?) ou alguma gripe (há anos que não tenho a doença). É menos humilhante, se é que vocês me entendem.

Enfim... um texto que era para ser "enfrente seus problemas e almoçe com eles", terminou como "cuidado ao remexer no passado. Às vezes, é melhor que fique por lá mesmo".

Bonus track
Duas pessoas se encontram no dia primeiro e começam a falar do passado amoroso. O que acontece depois. Elas:
(a) Tomam vinho
(b) Se abraçam
(c) Se beijam
(d) Transam
(e) Todas as alternativas
(f) Nenhuma das alternativas. Vão para casa dormir.

PS: Minhas férias terminam na próxima semana. Vou tentar atualizar o blog com mais frequência. Cheiro.

Nenhum comentário: