quinta-feira, 29 de julho de 2004

Previsões de MM

Vou abrir um espaço para fazer uma das coisas que mais gosto: falar do Vitorinha. Mal, é claro. O time que mais cresce na BAhia em número de entusiastas - não necessariamente torcedores - perdeu ontem de 4 a 0 para o Grêmio pelo Campeonato Brasileiro. Tomou, como se diz, uma surra de gato morto. Só faltou o bichano miar. “Leão Espancado”, foi o título do caderno de esportes do A Tarde de hoje. hehe!

De acordo com um dos maiores consultores de marcas e branding do Brasil, que chamaremos aqui de MM, disse no curso de especialização em Marketing que eu freqüento, que daqui a alguns anos apenas oito times terão marcas fortes o bastante para ser reconhecidos nacionalmente. Digamos, a grosso modo, um Top of mind. Desses oito, três virão de EssePê, dois do Rrrio,(em função da população desses locais), um de Minas Gerais, um do Sul, um da BAhia e um do Nordeste. Mas BAhia não é Nordeste? É, mas a marca BAhia é extremamente forte nacionalmente, o que dá ao estado esse privilégio. Tá?

Pois bem. De EssePê estarão fixados na cabeça dos brasileirinhos o São Paulo, em função de possuir o nome e as cores do estado mais populoso e rico do Brasil; o Corinthians, por causa de sua torcida e ser ligado a nordestinos e a galera mais proletária de EssePê e o Palmeiras, por ser identificado com a colônia italiana. O Santos de Pelé não será uma marca muito forte no país, porque é associado a um time do litoral. Em SP isso faz sentido. Nacionalmente, não.

Do Rrrio, apenas duas marcas serão reconhecidas: o Flamengo, por causa da torcida e fama, e o Vasco, devido a ligação com os nossos descobridores portugueses. O Botafogo, assim como o Fluminense, não é uma marca forte nacionalmente. Só faz sentido no Rio. Do Sul, a marca mais forte será o Grêmio. De Minas Sô Gerais, o Cruzeiro. Do Nordeste, algum time de Pernambuco. MM não soube definir qual. “Provavelmente o Sport”, disse.

Finalmente, da Bahia será, than-ran, o Bahia. Mas o Vitorinha não está investindo os "tubo" para ser um grande time? Não está construindo estádio, etc.? Está, mas ainda não é considerado um time grande nem conquistou nada de realmente importante nesses anos (mais de cem) todos. NADA. O Bahia, além de já ter sido campeão brasileiro (Bi), tem o nome e as cores do estado, o que lhe garante um lugar ao sol na mente dos brasileiros.

Naturalmente que isso poderá ser um pouco, um tiquinho, modificado, segundo MM, se, por exemplo, o Bahia continuar muito tempo na segunda divisão (o que provavelmente acabará este ano), ou o Palmeiras não se reabilitar. Mas os outros continuarão a ser os outros e só. É só pensar que marca serve para duas coisas: identificar e diferenciar. Tsc, tsc. Eu não sei porque eu não gosto de futebol. Desperdício.

terça-feira, 27 de julho de 2004

Reflexão do dia

“Vejo o amor como uma flor que nasce e que morre em seguida, porque tem que morrer. Nada de querer guardar uma flor dentro de um livro. Não existe coisa mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou.”
Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Telles, um de meus escritores favoritos.

PS: A prática nem sempre é muito fácil. O ser humano é cabeça dura.

segunda-feira, 26 de julho de 2004

Dura vida de plástico (Parte II)

Semana passada foram lançadas no mercado americano as primeiras bonecas lésbicas da história, as Dyke Dolls. A Bobbie Rockabilly Dyke, que está na foto, é a rockstar da turma. Com sua calça jeans, blusão de couro e blusa branca básica, ela vem com um vibrador em miniatura e uma cinta onde o vibrador pode ser adaptado. De acordo com o site, “existem bonecas emancipadas que não querem um Ken em sua vida. É verdade que algumas de nós já brincou com Barbie, mas a maioria preferiria colocar um vibrador na Bobbie e montar na Barbie como se não houvesse o amanhã”.

O engraçado é que Bobbie não está sozinha. Suas amigas Dyke Diesel e Doc Holliday também podem ser encomendadas. A primeira é a mais descolada das três. usa jaqueta de nylon e calça de cintura baixa. Já a Doc tem roupas de vaqueira e leva seu nome devido a um bar nova-iorquino no estilo de um saloon, que atrai lésbicas que preferem um visual texano.

Sobre a notícia: Sei não... acho que essas bonequinhas não são assim nenhum avanço contra o estereótipo largamente difundido da mulher lésbica masculinizada. Além disso, só podem ser vendidas para maiores de 18 anos. Não teria nenhum sentido dar para uma criança uma Bobbie e dizer que a bonequinha gosta de Barbie, não de Ken.

Bonus Track
Com Síndrome de Down, Francesca nasceu no Norte da Europa e adora pintar animais e flores. Já o seu amigo Mikael adora ler. Ele é do Leste Europeu. Para ver a turminha de Francesca e Mikael, é só ir no site Down Syndrome Dolls.

PS: Espero ansiosamente a boneca com Mal de Parkinson. Dizem que virá com pilha. Uma tremedeira só.

Tentativa de assassinato

Tive a infelicidade de assistir, no último sábado, ao programa Fama, da Rede Globo. Como não acompanho muito o que se passa na televisão, tudo para mim é, digamos, uma novidade. E todos os textos aqui sobre TV foram consequência disso. Mas o resultado da última experiência televisiva só posso resumir em uma frase: - Que merda, esses #@*#&%, estão acabando com o Chico Buarque!

Explico: O tal programa "tentou" homenagear um dos melhores compositores do Brasil. Mas, se a intenção anunciada do Fama é escolher um cantor(a) e projetá-lo no cenário musical, para mim todos estão desclassificados. TODOS. Nunca vi tanta gente sem graça, sem expressão, com carisma zero junta. E cantando Chico Buarque. Não dá. E Por que não dá? Porque não é qualquer um que tem capacidade nem talento para cantar/interpretar o Chico.

- Bye, bye, fama...

Entretanto, estou tentando me convencer que o erro foi da produção do programa, que colocou propositalmente os jovens num esparro digno de um presente dado por um inimigo. Uma bela rasteira. Entre as músicas maltratadas, estiveram: Tatuagem, Maninha, Gente Humilde e As Vitrines. Foi triste. Muito triste.

sexta-feira, 23 de julho de 2004

Dura vida de plástico

“I’m a barbie girl, in a barbie world. Life in plastic, it’s fantastic. You can brush my hair, undress me everywhere.Imagination, that is your creation...”

Um dos mais duradouros produtos a alimentar as inseguranças da cultura de consumo obcecada por perfeição e beleza está “correndo perigo” de perder o posto de número 1. Ainda não sabe qual é? Não mesmo? Estou falando dela, de Barbie Millicent Roberts, carro-chefe da fabricante americana de brinquedos Mattel.

Quem pensou que a culpa é da Susy (quem?), lamento, está enganado. As reais culpadas são as bonecas Bratz, da MGA: Yasmin, Jade, Sasha e cia., criadas para serem, vejam só, mais “malandras” e “transadas” do que a quarentona. No Reino Unido, as cabeçudas já têm mais de 30% do mercado. Só para se ter uma idéia da facada, em abril deste ano a Mattel viu seus lucros caírem 73%. Nesta semana, a empresa anunciou que as vendas mundiais da Barbie caíram 13%. Motivo da preocupação: a bonequinha representa US$ 3 bilhões dos US$ 5 bilhões do faturamento da companhia norte-americana.

- Se liga, Barbie magricela, teus dias estão contados. Morô?

“Nascida” em 1959, a bonequinha, caracterizada pelo busto volumoso, cintura de vespa e quadris estreitos, está presente em 150 países. É o brinquedo mais vendido do mundo (mais de 1 bilhão em 44 anos), um ícone cultural e alvo de críticas e desprezo. Sua criadora, Ruth Handler, falecida em 2002 aos 85 anos, disse em sua biografia, que sempre viu Barbie não somente como um veículo para que as meninas canalizassem suas fantasias da vida adulta, mas como um meio para fazer coisas. Barbie já teve cerca de 80 empregos, desde garçonete até presidente.

"Toda minha filosofia de Barbie era que, através da boneca, as meninas pudessem ser tudo aquilo que gostariam de ser", escreveu Ruth em sua autobiografia. "Barbie sempre representou o fato de que uma mulher sempre tem opções", disse. An-han... sei. À parte a cara de pau de Ruth, qual é a menina que não tem uma história para contar a respeito da boneca, seja porque não teve uma, seja em decorrência das frustrações em querer ser realmente a própria?  Se a Barbie tivesse forma humana, teria 95 cm de busto, 45 cm de cintura e 82 cm de quadril, números praticamente impossíveis de serem alcançados até pela a modelo Gisele Bündchen, que tem 86 cm de busto, 59 cm de cintura e 85 cm de quadril.

Tema de exposições, páginas e páginas de teses, atriz de longa metragem, Barbie tem ainda colecionadores que chegam a pagar US$ 10 mil por uma boneca. Além da legião de amigas e parentes, a bonequinha ganhou avós no ano passado, com cara “mais serena, menos esfuziante”. Curiosamente, os pais da Barbie nunca foram lançados. Por quê?

Primeira Barbie, de 1959. Barbie anos 70 e aos 40 anos

No ano passado, após 43 anos de namoro, um choque: Barbie e Ken se separaram. Um dos motivos para a separação foi a relutância de Ken em se casar. (Meu Deus, eu estou fazendo isso?). Em conseqüência disso, a bonequinha trocou a outra bonequinha por um garotão surfista australiano chamado Blaine. E o que vai acontecer com o também quarentão Ken? Vai atrás de novas emoções, entenderam? Bem moderno. Quem não gostou muito da história foi a Igreja Católica, como sempre. Barbie e Ken se conheceram em um set de comercial de TV, em 1961.

Enfim... Apesar da competição crescente, a Mattel diz que a posição da Barbie está segura. O público-alvo da boneca são meninas a partir - eu disse, a partir -  de três anos de idade (quando começa a catequização), enquanto as bonecas Bratz se voltam para crianças de mais de oito anos. Ah, tá!

Bônus Track
Das bonecas Barbie vendidas no Brasil, 80% são loiras. Outras 15% são morenas. A Barbie negra representa apenas 5% das vendas da Mattel no Brasil. De acordo com a gerente de marketing da filial brasileira, todos os pontos de venda possuem as versões morena e negra da Barbie. Mas a mais vendida é a loira.

PS.: Não, nunca brinquei com a Barbie de minha irmã. Eu tinha o Falcon, tá?

quinta-feira, 22 de julho de 2004

Cultura Popular...

...ou Juro que é a última vez que falo nisso

Eu até que estava quieto, mas aí recebi um comentário no post “Chapa quente... ou Cada um tem a rainha que merece”, publicado no dia 08 de julho, que me chamou muito a atenção. A autora foi Nira Guerreira, que aqui chegou e disse o seguinte: “Mais uma vez a mídia paga engana a todos. Nada contra a ninguém (sic) que se apresentou no Faustão mais (sic) existe uma Nira que tentaram abafar mais (sic) em breve vai está (sic) no sul. É só aguardar anote Nira Guerreira, saiba mais no primeiro e único site existente do segmento arrocha”. Explosão!

Resultado: fui lá. E descobri que Nira, cujo sonho é alcançar o sucesso, é mais uma representante do Arrocha, "movimento" nascido na cidade Candeias, na Bahia, que está tomando conta do Brasil. Fã de Bell Marques (Chiclete com Banana) e Roberta Miranda, Nira nasceu em EsseEsseÁ. Há 15 anos canta na noite. “Em 2001, resolvi através de meu empresário entrar de verdade no mercado musical”, diz a cantora, que se auto-descreve como “quase completa em todas as boas qualidades”.

Sempre De Mais

No site, os fãs têm ainda acesso à biografia e notícias de Nira, sua agenda de shows, além de poder matar a curiosidade sobre sua cor preferida, bebida preferida, time para o qual torce, o que mais admira e o que não suporta nas pessoas, o que mais ama e odeia na vida, entre outras coisas. Também pode ver (explosão!) vídeos e ouvir hits da cantora, como “O Arrocha do Varella”, que está na boca do povo.

Alguém ainda duvida que ouviremos falar muito do Arrocha?

terça-feira, 20 de julho de 2004

Qual é o seu lugar?

Sempre acreditei que força de vontade supera qualquer obstáculo. Aquelas pessoas que esperam que as coisas aconteçam do nada, que seus desejos caiam do céu em forma de presente, ou então, aguardam que a situação, se Deus quiser!, mude, das duas uma: ou vivem frustradas ou morrem esperando o milagre. E milagre é algo que não acontece todo dia. Não mesmo. Ainda mais no Brasil, que nem santo tem. Embora digam que brasileiro faça (ele próprio) milagre para sobreviver. Acredito nisso, apesar de... Pronto! Já sai do tema.
 
Negra, pobre, filha de um porteiro e de uma cabeleireira, estudante de escola pública, etc., a baiana Rojane Fradique, de 17 anos, tornou-se modelo profissional. Em pouquíssimo tempo de carreira, ela já fez campanha para a Arezzo, fotos para, entre outros, o Vogue Jóias, e desfilou para os badalados Walter Rodrigues e Alexandre Herchcovitch, em Paris. É considerada a sensação do momento no mundinho fashion, um cabide requisitadíssimo.
 
Pois bem, há seis meses atrás Rojane fazia parte da multidão de garotinhas que sonha em ser uma Gisele Bündchen da vida. Só que a luta para se tornar modelo não é fácil. Nem barata. Se precisasse de dinheiro para pegar um ônibus ou tirar fotos, os únicos a quem apelar eram os seus pais. E eles, mesmo comprometendo o apertado orçamento, arranjavam um jeito de dar.  Não me atrevo a dizer que eles tiravam do básico para satisfazer o desejo, o sonho da filha. Não. Ela já disse, inclusive, que às vezes não jantava por falta de comida em casa. Mesmo assim, com 1,81 m e contra tudo que poderia pesar contra ela descrito na primeira linha do segundo parágrafo, se inscreveu no concurso de uma poderosa agência de modelos e deu no que deu. 
 
“No início sentia medo do racismo e de ser rejeitada, mas agora já estou mais confiante. Tenho que disputar espaço com as negras e as brancas”, disse a modelo cujo sonho é fazer o desfile da Victoria's Secret.
 
Fã de Ana “Fox” Hickman  e Naomi “Vivo” Campbell, Rojane é evangélica. Em entrevista ao Correio da Bahia em julho, revelou “que o pessoal da igreja dá o maior apoio, mas ficaram chocados quando apareci de seis de fora”.  Um escândalo. “Acho que toda menina que sonha com essa vida pensa nas viagens, no dinheiro e até mesmo com o glamour da carreira. Eu quero ajudar a minha família, aprender, mas de uma forma legal, sem aquela coisa da ambição falar mais alto”, afirmou.
 
Rojane está na moda e a sua beleza anda sendo "classificada" de exótica pela mídia. Poderia fazer várias considerações sobre isso, mas prefiro parar por aqui. Apesar da baiana ter feito mais de 20 desfiles entre a SPFW e a FASHION RIO, suas fotos quase não existem para divulgação, como para a maior parte dos modelos negros. Enfim...

segunda-feira, 19 de julho de 2004

Vem por aqui, vem!

Ou poema para Maria-vai-com-as-outras

Cântico Negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
cruzo os braços,E nunca vou por ali...
 
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
 
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
 
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
 
Por José Régio

Dedo tem utilidade, sabia? (Parte II)

Em função do segundo show da Ângela Ro Rô realizado em Salvador e também do texto escrito na sexta-feira, 16, gostaria de fazer algumas ressalvas com relação aos dois. Achei que pesei um pouco a mão no meu comentário. Às vezes, eu esqueço (quem não esquece?) que as palavras têm vida e força próprias tão destruidoras quanto uma arma que mata.
 
Ontem, Ro Rô se apresentou no Pelourinho para uma multidão, que lotou a Praça Quincas Berro D´água. "Não tenho nem como me esconder. Pra todo lado que eu olho, tem gente", disse a cantora. Com o dia ensolarado, as pessoas tietaram Ângela e cantaram junto com ela clássicos de sua carreira. "Adoro vocês", revelou. Estava feliz e à vontade. Sua língua, tranquila. A situação foi completamente diferente da que ela enfrentou no French Quartier. (É só se lembrar da história de que um animal só ataca quando se sente ameaçado.)
 
Como se tivesse lido este blog (hehe!), comentou, emocionada, no show: "Nasci brasileira. Tenho orgulho de ser brasileira. Aqui, eu herdei a fraqueza dos fortes e a força dos fracos". A galera: "Êêêêêêê". Enfim, à parte o lugar-comum, foi franca. Mas mantenho o que eu disse sobre a questão de reconhecimento no Brasil.
 
Por tudo isso, a única coisa que retiraria daquele texto seria a infeliz frase "Porque a imagem dela atualmente é digna de pena". Não, não é. E eu também não sou galo, nem galinha, nem qualquer outra ave para ter pena.  Mudar faz parte do show da vida, mesmo que ela choque ou cause estranhamento. No final das contas, a questão é só uma: saber quem tem coragem para isso.

sexta-feira, 16 de julho de 2004

Grrrr...

Bem, se alguém pensou que iria passar por um blog de um baiano sem ter que engolir uma poesia ou uma prosa poética, se enganou. Tsc, tsc... Até que eu demorei bastante. 
 
Aqui estou, na pose e no close 
O leopardo
 
Queria estar entre os homens como um leopardo. Mover-me delicadamente entre os ambientes. Envolver a todos calmamente, para depois deixá-los, sem saudades, e partir para outra aventura, desejando ardentemente encontrar uma companhia de viagem e, por um átimo de tempo, amar, amar... amar.
 
Não sei se será bom ser um leopardo, mas me encanta a possibilidade de estraçalhar quem ou o quê eu não goste. Acabar, sem compreender, sem racionalizar, com o indesejado, o incômodo. E, depois, deixar o cativeiro a que o amor nos impõe. O costume, o igual, o ritual tão besta e ao mesmo tempo tão humano, necessário e milenar.

Dedo tem utilidade, sabia?

Ontem, assisti ao show da Ângela Ro Rô no French Quartier, um restaurante considerado “fino” de EsseEssaÁ. Vê-la pela primeira vez foi, como dizer?,  chocante. Por que digo isso? Porque a imagem dela atualmente é digna de pena. Emagreceu mais de 50 quilos. Mas a verdade é que essa impressão é logo afastada em função do poder de sedução do talento, que poucos, pouquíssimos artistas possuem. A interpretação característica, os trejeitos moleques, o ar de “tô viva, porra!” e a irreverência colocaram a platéia drinkinho-conversinha em suas mãos. Mas algumas pessoas ficavam pra lá e pra cá...
 
“Pensam que eu faço isso por hobby, sabia? Mas eu preciso que me paguem para sobreviver, o que não acontece sempre, hehe”, foi uma das tiradas da artista maldita e amaldiçoada, que bebeu água durante todo o show. Em determinando momento parou a apresentação para pedir que servissem seu maestro com um drink e a bebida demorou. E os garçons passando. Por duas vezes pegou uma garrafa de água da bandeja de um deles e deu, debochadamente, as garrafas para o técnico de som: - Toma, pra esquecer da vida, mas cuidado para não encher a cara, hehe. E as pessoas pra lá e pra cá...
 
No repertório, clássicos de sua carreira. Cantou também uma música em homenagem à Billie Holiday. No final, disse: “Essa se desgastou. À toa. Eu também me desgastei, hehe. Agora, vou cantar uma música pra Bethânia. Essa daí nunca se desgastou. Está intacta.” E cantou “Fogueira”. “Poderia fazer dois dias de show aqui, mas preferiram atochar a casa em apenas um, enchendo o bolso. Amanhã, vou ficar chupando dedo. Mas dedo eu não vou chupar porque gasta. Dedo tem utilidade, sabia? hehe” E as pessoas pra lá e pra cá...
 
Ângela ficou pequena. Não só a pessoa, mas a sua obra. Óbvio que percebeu isso. Quem não sente quando é maltratado? Mas ela precisa sobreviver. O show estava previsto para durar 1h30. Vinte minutos antes, ela encerrou e foi embora. Sem bis. “Acordei com sentimento de maternidade, querendo protegê-la. Ela sucumbiu ao massacre que o mundo impõe a quem é diferente. Estou sentida com a alma dela, precisa ser resgatada porque é necessária”, disse uma amiga minha, que a acompanha há mais de 20 anos. No domingo, a artista volta a fazer show popular no Pelourinho. 
 
Muitos dizem que nós pagamos pelo que fazemos, que somos conseqüência de nossas ações, blábláblá. E a Ângela é um exemplo disso. Mas, se tivesse nascido americana ou européia, seria reverenciada de outra maneira. Então, paguemos o preço por sermos brasileiros

quarta-feira, 14 de julho de 2004

Cores de Frida Kahlo, cores

Ontem, fez 50 anos que a pintora Frida Kahlo morreu. Mulher à frente de seu tempo, Frida é, antes de tudo, um mito. Sua vida foi marcada por uma série de limitações físicas impostas, primeiramente, pela poliomielite, aos seis anos de idade, e depois por um grave acidente de ônibus, aos 17. De onde tirou forças, eu não sei dizer, mas ela conseguiu transformar dor em arte, porque sua trajetória artística começou justamente a partir desse acidente. Ah!, e, ainda por cima, conseguiu amar.

Casada com o artista Diego Rivera, amante do líder revolucionário russo Leon Trotsky e de diversas mulheres, as pinturas de Frida são literalmente ligadas a ela. Grande parte das cerca de 200 produzidas retrata suas experiências com a dor. Algumas também mostram, como uma espécie de diário, seu relacionamento com Diego. Quando se casou com Rivera, ela tinha 22 anos, e ele 43.

Meu querido diário...

Batalhadora política, mulher liberada, Magdalena Carmen Frida Kahlo Calderón foi criadora de seu próprio personagem, sujeito de sua própria obra, uma obra que a coloca como uma das principais artistas da arte mundial.

Sobre sua morte, há especulações de que foi suicídio. Mas, a familia afirma que o marido da artista a ajudou a morrer. Ela teria passado suas últimas horas de vida em um estado de coma induzido devido ao efeito de medicamentos. Frida nasceu em julho de 1907.

No cinema
Quem quiser saber um pouco sobre a vida dessa artista extraordinária, pode ver o filme Frida (EUA, 2002), ganhador do Oscar 2002 de Melhor Maquiagem e Melhor Trilha Sonora. A película também foi indicada nas categorias: Melhor Atriz (Salma Hayek), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, e Melhor Canção Original "Burn It Blue", interpretada por Caetano Veloso e Lilá Brown.

Bonus track
Indico ainda esta bela matéria sobre Frida publicada no Correio da Bahia. E aqui um site de fãs.

Reflexão do dia

"Há sempre verdade nos falatórios, exceto quando são ao meu respeito".
Juliano, de Gore Vidal.

segunda-feira, 12 de julho de 2004

A curiosidade matou o gato

Apesar dos conselhos e pedidos ouvidos, súplicas e rezas feitas, acabei mesmo indo, ontem, à Marina da Penha, na Cidade Baixa, para ver com os meus próprios olhos a tal festa onde bandas de pagode tocam horas e horas à fio a uma platéia que é um evento à parte. Chamada de Uisminofai Fest, filha $$ do Pressão Fest (abordado por este espaço no post de 16 de junho), o evento contou com mais de sete bandas, entre elas Pagod´art e Os Sungas, e teve seus ingressos esgotados três dias antes.

Bem, até aí nada de novo. Aconteceu tudo o que minha amiga kate tinha me relatado: empurra-empurra, dança do mosquito, homens suados rebolando de sunga, filas para cerveja/churrasquinho/banheiro/qualquer-outra-coisa intermináveis, mulheres no cio, homens no cio, etc.

Com minha camisa verde-cana me integrei, junto com mais dois amigos que me acompanharam, aos pagodeiros. A primeira impressão foi a de que, apesar das 12 cores de camisa disponíveis, parecia que estávamos vendo “o mesmo homem” e a “mesma mulher”. Multiplicados. Eles: cabelos alisados/desenhados/pintados de louro/com gel, sobrancelhas feitas (alguns à la Marlene Dietrich) e tênis colorido(ísso)/papete. Elas: cabelos trançados/pintado de louro/com gel, minissaia jeans e sandálias plataforma de plástico coloridas à la Dijean.

A primeira hora, a mais interessante, foi suficiente para encontrar uma definição para aquilo: sex group. As pessoas ficam em êxtase, gritam, se agarram: homem com mulher, homem com homem, mulher com mulher, homem com homem com homem, mulher com homem com mulher, mulher com homem com homem com homem com mulher e assim por diante. Mas é tudo muito tácito, se é que me entendem. E a pagode comendo no centro. Até as brigas eram uma emoção à parte. Ah, e entre uma banda e outra, a praga do arrocha.

Depois, fica tudo muito monótono e repetitivo. As músicas, as danças, as filas, as travecas, as brigas... Lá pelas tantas, duas meninas disputaram um dos meus amigos, que escutou de uma delas:
- Vocês são daqui?
- Não, somos de Brasília.
- De onde?
- Bra-sí-li-aaaa. Estamos conhecendo a cidade, hehe amarelo.
- Está gostan...
Nesse momento, a menina foi empurrada pela outra, que pediu para meu amigo:
- Dança comigo?
- Tá louca, ele vai dançar é comigo. – disse a amiga, provavelmente rival.
A princípio parecia uma brincadeira das duas. Mas, se ele resolvesse ficar com alguma delas, não ia ser nada legal. Daí fomos embora. A música Uisminofai estava sendo cantada pela milésima centésima vez. Outra dessa só na próxima encarnação. Carnaval?

sábado, 10 de julho de 2004

Mais rainhas

Já está confirmado. A "maldita" Angela Ro Rô, uma das cantoras mais irreverentes da MPB, vai fazer show em EsseEsseÁ nos dias 15 e 18, no French Quartier e no Pelourinho, respectivamente. Nunca fui a um show da autora de canções como "Amor, Meu Grande Amor" e "Tola Foi Você". Mas não é só por isso. Ângela tem uma língua ácida, ferina. Foi a primeira cantora brasileira a trazer a público sua homossexualidade e a apontá-la nos outros também. Famosa por seus porres e por suas interpretações viscerais, dela pode se esperar tudo. É por isso que eu vou para lá.

- Sabe, Zélia, eu tô limpa, tá?

Mas quem achava que ela estava morta, está enganado. Ro rô estreou no mês passado um programa de entrevistas chamado "Escândalo" no Canal Brasil, da GloboSAT. Além das entrevistas, ela canta e divide com os convidados histórias de sua carreira. O primeiro a participar foi o Frejat. Estão previstas entrevistas com nomes como: Ney Matogrosso, Leila Pinheiro, Maria Bethânia (espero ansiosamente por este programa!), Caetano Veloso, Marina Lima e Lenine. Mas acho que a lista só ficará completa com a presença de uma pessoa: Zizi Possi. Escândalo... entende?
Por falar em Ro Rô...
Maria Bethânia foi a grande vencedora do Prêmio Tim de Música. ela ganhou os prêmios de melhor cantora e melhor disco, por "Brasileirinho", ambos na categoria MPB. A premiação foi realizada na última quinta-feira, no Theatro Municipal do Rrrio.
Também rainha da música brasileira

Brasileirinho é um dos mais belos discos produzidos ultimamente no Brasil e um dos que eu mais gosto de Bethânia. Recomendo.

quinta-feira, 8 de julho de 2004

Chapa quente...

...ou Cada um tem a rainha que merece

Se o governo Collor foi marcado pelo ritmo sertanejo (É o amooor, que mexe com a minha cabeça e me deixa asiiiiimmm!); o de Itamar/FHC pela ascensão e queda da Axé Music e do Pagode (Vai descendo na boquinha da garraaafa. É na boca da garraaafa!) e já no finalzinho pelo funk carioca (Quer dançar, quer dançar, o tigrão vai te ensinar); a era Lula, que nem bem iniciou, já começa também a ganhar seus representantes na música. Se marcarão? Só o povo sabe. Ele é que gosta mesmo, uai.

Mas a verdade é que atualmente duas estrelas estão despontando nesse tal “novo” cenário musical e estão levando multidões aos seus shows. Elas vieram, é claro, da BAhia e do Rrrio. Pobres, fora do padrão de beleza de mulher vigente, estão na moda. Viraram rainhas e tornaram-se referência em seus estados. Estou falando de Nara Costa e Tati Quebra-Barraco.

As rainhas do Brasil. Somos do povo

Faz do jeitinho que ela gosta. Arrocha, arrocha, arrocha. Vem chamegando, que chegou a hora. Arrocha, arrocha, arrocha”. A Rainha do Arrocha, Nara Costa, é a principal representante do ritmo que nasceu em Candeias, cidade da Região Metropolitana de Salvador, e que tomou conta da periferia da capital baiana. A dança é uma espécie de seresta mais rápida. Tem que dançar agarradinho. É mais uma para o repertório dos baianos, que já inventaram o fricote, a dança da galinha, do crocodilo, da manivela, da garrafa, do requebra, etc.

As músicas são, em sua maioria, regravações de canções populares que fizeram sucesso, como “Nem um Toque”, eternizada por Rosana, ou “Te amar é tão bom”, da cantora cega Kátia. Quem não se lembra dela? Uma figurinha fácil no Globo de Ouro (as melhores músicas da semana!) e no programa do Chacrinha. Enfim...

Nara começou a “aparecer” na mídia este ano, quando fez show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Foi a primeira vez que um representante do gênero pisava em um espaço... digamos... mais tradicional da cidade. Ganhou matéria em jornal. Foi um sucesso. Depois, subiu no trio com a “ixsperta” Ivete Sangalo no Carnaval, e por aí foi.

“Tudo começou com uma brincadeira de barzinho. Um amigo me convidou pra cantar o arrocha. No início, relutei um pouco, disse que meu negócio era MPB, mas acabou acontecendo e a coisa chegou até aqui, como está hoje”, disse Nara em entrevista ao site ibahia. No último domingo, Nara e a gang do arrocha se apresentaram no Domingão do Faustão, da Globo. Antes, o ritmo foi tema de matéria de Regina Case, no Fantástico. Agora, o Brasil inteiro vai dançar o “arrocha, arrocha, arrocha”. A nova febre nacional.

Ou então, o Brasil vai dançar:

Se te pego no meu quarto, vou fazer o que tá na mente, te chamo de lagartixa, te mostro que a chapa é quente. Quebra, quebra o meu barraco”. A atual diva do funk carioca, Tati Quebra-Barraco não só tá na moda (já foi homenageada em desfile hiper hype em EssePê), como tá na mídia. A Zona Sul carioca praticamente está rendida aos seus comandos. Suas músicas "Fama de Putona", “Cachorra chapa-quente”, “Assanhadinha” e “Na boca da theca”, entre outras, fazem referência direta e explícita ao sexo. Por isso o sucesso. Mas, além disso, a garota nascida na Cidade de Deus tem fama de durona. É preciso respeito enquanto está cantando: "Se falar durante meu show, eu xingo. Se tiver que bater, bato. Se me xingam, bato com o microfone na cabeça."

Sou feia, mas tô na moda.

Tati costuma falar que da televisão só respeita Gugu Liberato e acha que a Globo não gosta dela. "Lá não gostam de favelado, preto, pobre, polêmico. Têm preconceito, mas, se estoura, eles chamam, como aconteceu com o Bonde do Tigrão", disse na FSP.“Tudo o que eu canto nas músicas que faço é a realidade da vida. Só falo o que qualquer mulher muitas vezes gostaria de dizer, mas não tem coragem. Elas ficam caladas, eu boto pra fora”, explica. Será?

terça-feira, 6 de julho de 2004

I want a famous face

Pelo segundo domingo consecutivo assisti ao programa da Emetivi (ou Emetevê) ‘I Want a Famous Face’. Produzido pela matriz nos EUA, o programa é uma espécie de documentário sobre pessoas anônimas que querem ficar iguais a seus ídolos. Digo iguais mesmo, rosto, corpo... tudo.

No primeiro episódio, dois adolescentes gêmeos com cara de songo-mongo queriam ter o rosto de Brad Pitt. Fizeram o diabo à quatro: colocaram dentes de porcelana, ajeitaram o nariz e deram um tapa no figurino, entre outras coisas. Queriam ter “um rosto viril” como o do astro. Mas o resultado não foi tão eficiente quanto à imaginação deles. A verdade é que não chegaram nem perto. Algum problema? Nenhum. Como desejam seguir a carreira de “modelo profissional”, o “rosto de Brad Pitt” abrirá para eles as portas mais facilmente. Morri de rir. Mas não é só isso. Um deles fez a cirurgia para também impressionar uma garotinha bonitinha da turma que estava a fim, mas que não dava a mínima pra ele. Também não conseguiu. “Brad Pitt é Brad Pitt”, disse a garota.
Quer ficar igual a mim, né?

Mas nada se comparou ao episódio do último domingo. Jéssica, de 23 anos, é uma garota que quer se parecer com Jenifer Lopes. Ela adora, ama, idolatra J-Lo e diz que as duas têm os mesmos gostos para roupas (estilo brejeira), que dançam igual, se maqueiam da mesma forma, usam o mesmo corte de cabelo, etc. “A única coisa que não temos igual é gosto para homens”, atesta Jéssica, que esqueceu de mencionar, entre as diferenças, que tem um pinto entre as pernas.

Sim, Jéssica é (era) homem. Mas isso não é problema. Ela já fez tratamento à laser (US$ 2 mil) para eliminar os pelos do rosto, tomou hormônio durante oito meses e agora quer colocar implantes de silicone nos seios, bumbum, bochechas e dimunuir o tamanho da testa. Como a cirurgia para tirar o órgão incômodo ficará pra depois, o médico a dissuadiu a não colocar o implante na bunda. O corpo sofrerá mudanças e o dinheiro seria jogado fora. “Adoraria que os caras olhassem para o meu traseiro”, relatou Jéssica. Total da brincadeira: US$ 15 mil ou cerca de R$ 45 mil.

A parte da cirurgia no programa é incômoda. Na verdade, horrível. E sempre há a possibilidade de não ficar do jeito que se quer. Mas a questão que me chamou mais a atenção é que essas pessoas não querem ser só parecidas com seus ídolos. Eles querem ser uma celebridade profissional. “Preciso ficar famosa”, disse Jéssica, que também começou a tirar fotos. “Você é linda”, falou o fotógrafo. “Sei disso”, respondeu Jéssica. Ah, tá. Então tá.

Bônus Track:
O Brasil só perde para os EUA em números de operações estéticas ou reparadoras. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a influência de personalidades públicas é o terceiro motivo que leva alguém a uma clínica. São comuns pessoas que desejam certas partes da anatomia de celebridades em seus próprios corpos. Entram na lista de ‘pedidos’ os seios de Gisele Bündchen, Syang e o ‘clássico turbinado’ de Pamela Anderson; o bumbum de Scheila Carvalho e o nariz de Xuxa.

Um dado que espanta os cirurgiões é o aumento de homens nos consultórios. Há dez anos, eles representavam cerca de 5% do total de clientes. Hoje, já são cerca de 30%. A faixa etária diminui cada vez mais, e eles também têm seus referenciais: o queixo e o nariz de Luciano Szafir e Reynaldo Gianecchini, o rosto de Marcello Antony e os hollywoodianos de sempre, Tom Cruise e Brad Pitt.

segunda-feira, 5 de julho de 2004

Um baiano em Floripa (ou Manhattan)

Não, não é título de filme pornô. É que depois que os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em Florianópolis ganharam repercussão nacional, subitamente fiquei com vontade de ir para a ilha. A explicação é simples. Primeiro porque nunca pensei em ir para lá e, segundo, porque a cidade é uma ilha (acho isso fabuloso) e se você quiser entrar/sair de carro/buzu dela tem que usar uma ponte. Fantástico. Imagina se dá algum problema nela. Você simplesmente fica isolado, preso na cidade!

Floripa seria uma espécie de estágio para a ilha de Manhattan, em Nova York, já que soteropolitano não tem a oportunidade de ficar atravessando ponte. Sempre digo que o interessante dos EUA não é Nova York. É Manhattan. E sua ponte.
O que é que os manezinhos têm?

Agora, vendo as manifestações de lá, não há como deixar de me lembrar das que ocorreram em EsseEsseÁ no final de agosto do ano passado. Fui extremamente prejudicado, inclusive o evento que eu estava assessorando, mas não deixo de reconhecer que foi um marco. Principalmente a briguinha entre um comandante e o comandado.

Agora, se para chamar a atenção em Florianópolis é só interditar a tal ponte, em Salvador é só ir para a região do Iguatemi. É confusão na certa. Embora, o Vale de Nazaré ainda tenha o seu espaço.

Mas, como qualquer manifestação, passei por uns absurdos. Me lembro de um grupo de pivetinhos (só podia ser!) vestidos de estudantes que parou o ônibus em que eu estava enquanto ele passava pela rótula dos Barris. Uma garotinha (aparentava 10 anos) entrou no veículo dizendo que ele não passaria dali. “Quem quiser que saia e vá andando”, anunciou. Juro que fiquei com vontade de torturar aquela criança, mas aí olhei para os lados e vi que o ônibus estava cercado de capetinhas. Me lembrei da história “As viagens de Guliver” e fiquei na minha. Se Guliver caiu, por que não eu?

Nunca tive vontade de bater em criança. Quer dizer, minto, admito que uma. Não, duas. Três. Humm... deixa pra lá. Mas aquela menina que não apareça na minha frente. Marquei ela. Quanto a Floripa, vou colocá-la no meu roteiro de férias.

quinta-feira, 1 de julho de 2004

Santo André desde mininu

Melhor do que ter visto o Vitorinha perder do Flamengo na semi-final da Copa do Brasil, digo, ver o Vitorinha reafirmar o que ele faz de melhor (nadar, nadar e morrer na praia), foi assistir ao time carioca perder do Santo André, time de Essepê, ontem, em pleno Maracanã. Após a derrota, os cerca de 70 mil torcedores rubro-negros choraram, espernearam, soltaram rojões em direção ao gramado e... brigaram. Normal.

O narrador da Rede Globo, Galvão Bueno, gritava mais do que puta quando vê seu macho apanhando. Indignado, soltava pérolas como: “Que ponto chegou o futebol brasileiro”, “Não existe mais time de ponta no Brasil”, “Olha só o que os dirigentes (cartolas) estão fazendo com os clubes tradicionais”, blá, blá, blá. Estava tentando convencer os cariocas de que aquele time seria campeão da Copa. Não foi. No Campeonato Brasileiro, o Mengo ocupa a penúltima colocação. Ou seja, seria uma zebra vencer.


Maracanã: mito da imprensa carioca

Para a cena ser completa, só faltava o Ronaldinho, que no jogo contra o Vitorinha foi o torcedor-estrela na arquibancada do decadente estádio. No dia seguinte, a Globo deitou e rolou nas manchetes ufanistas: “Ronaldo mostra ao filho a emoção de ver o Flamengo jogar no Maracanã”. Tsc, tsc.

Não gosto de futebol, a não ser na Copa do Mundo. Não assisto a jogos na TV e muito menos vou ao estádio. Acho que ficar 90 minutos parado é uma perda de tempo. Também não acredito que os dirigentes (cartolas, etc.) desses clubes estejam muito interessados no esporte. Tiro como exemplo o meu. Mas minha alegria não tem limites quando vejo um rubro-negro perdendo. E a de ontem não tem dinheiro que pague.